Uma historinha antiga sobre o mercado de ações e seus mais profundos segredos. Eram os anos 1970 e pesquisadores resolveram arguir o maior e mais moderno computador do mundo sobre a forma correta de se aplicar dinheiro em bolsa e lucrar alto. Entraram com todos os dados de que dispunham sobre as mais sofisticadas técnicas e estratégias e lançaram-lhe a pergunta decisiva que era como fazer para ganhar muito na bolsa de valores. A máquina foi acionada e durante meia dúzia de dias acendeu e apagou suas luzinhas, fez barulhos altos, baixos e estranhos, sacudiu sua estrutura e, finalmente, expeliu o resultado final. Estava lá impressa em uma linha de papel a fórmula perfeita. “Compre na baixa, venda na alta”.
Outra historinha fala de um prestigiado guru indiano que tinha visões e possuía um oceano da mais diversificada e profunda sabedoria. O patrocinador de sua primeira viagem ao Ocidente exigiu uma consulta particular sobre a bolsa de valores. Queria receber do mestre algum insight que lhe catapultasse de milionário para bilionário. O mestre aceitou o desafio e disse que estava pronto para responder a qualquer pergunta. O empresário especulador pediu apenas um esclarecimento definitivo e cabal que lhe permitisse compreender as oscilações da bolsa. O mestre ouviu o questionamento, cerrou os olhos, fez silêncio de cinco minutos e, depois de abrir os olhos e um largo sorriso, disse que já podia esclarecer o comportamento da bolsa. E explicou calmamente. “Olhe, amigo, a bolsa se comporta como a multidão, a multidão se comporta como uma bela mulher, e uma bela mulher tem comportamento imprevisível”.
Outra historinha. Um matuto cearense virou comerciante e exportador. Fazia poucos negócios, um ou dois por ano. Tinha um escritório com apenas mesa e telefone e uma secretária que só lhe servia café e limpava o chão e os cinzeiros. Na praça, todos o conheciam pelos negócios certeiros, raros mas altamente lucrativos. Ganhava numa jogada o que outros não ganhavam em dois anos de trabalho pesado. Seus negócios tinham apenas uma característica facilmente identificável – ele não comprava e vendia um produto fixo, variava sempre, nunca se repetia. Então, dele se aproximou o amigo e pediu que lhe contasse sua estratégia. Ele disse “pois não”, e começou a explicar. “Compro caro e vendo barato. Compro o que ninguém quer comprar e vendo o que ninguém tem para vender. Quando um produto está ruim para negócio, eu entro. Quando parece bom para entrar, eu saio. Compro em quantidade e estoco. Aí é só esperar. Compro na fartura e vendo na escassez. Só dá algum trabalho escolher o produto certo no momento certo”.
No fundo, algumas pessoas bem postas sabem exatamente como, quando e em que papéis aplicar para ganhar na oscilação da bolsa. Se alguém tiver acesso a essas pessoas, é só segui-las. Entretanto, o fato é que a bolsa é um lugar seguro para ganhar. Basta escolher a empresa certa. Ou um pequeno grupo de empresas e investir de forma responsável, orientada por profissionais. Basta ter algum sangue frio e inteligência para escolher o momento certo de entrar e de sair.
O que, aliás, é muito fácil de saber. Compre quando está caro, e venda quando está barato. Em outras palavras. Quando a bolsa cai muito, é hora de entrar. Quando a bolsa sobe muito, é hora de sair. Não é arriscado investir em ações. Há risco de oscilação no tempo, coisas muito diferentes.
Há dois tipos de investimento em que se pode ganhar bem acima da inflação, correndo algum razoável nível de risco – imóveis e ações. As opções que o sistema bancário costuma oferecer aos clientes mal pagam a inflação e só atendem aos interesses e conveniências deles, banqueiros.
Na bolsa, o erro principal das pessoas é entrar quando ela está na alta. E aí, quando ela começa a cair, as pessoas se assustam e vendem. Prejuízo garantido.