Política e gestão pública em sentidos opostos, por Haroldo Araújo

Em artigos anteriores mencionamos a feliz ideia de separar a equipe econômica da mira dos arcos e flechas “Da Política” (bem entendido), partam de onde partirem! Nada contra o brilhante trabalho de nossos procuradores e procurador geral que merecem nosso aplauso. O intento governamental começou com uma equipe econômica composta por nomes com experiência nos setores público e privado e de indiscutível competência técnica: Fato é que Planejamento, Fazenda e BC cumprem suas missões. O Brasil agradece os resultados até aqui obtidos.

No restante da equipe ministerial do atual governo, há indicações com grande experiência no setor público e que ocupam pastas de grande importância, tanto isso é verdade que receberam apoio em votações no congresso nacional como foi o caso de Teto de Gastos e a ajuda financeira aos estado e municípios. O que pretendo cobrar destes experientes ministros é que façam um trabalho junto aos parlamentares no sentido de obter apoio a um grande entendimento.

Em primeiro lugar proponho um pacto com vistas a evitar o desgaste da imagem do próprio parlamento e por via de consequência da classe política. Não desejamos que se passe ao povo brasileiro uma imagem distorcida do que é a gestão pública e que no momento, faz parecer que é a própria política um mal em si mesma. Parece que todos se empenham em direção e sentidos opostos ao da convergência para uma boa gestão pública. Afinal é esse o seu verdadeiro objetivo: “A Política em função do interesse de todos” e não uma simples disputa de poder.

O que não se pode ou não se deve é sedimentar a compreensão de que a nossa política desconstrói os melhores anseios da sociedade, sem objetivo definido!. Há um confronto que pode recrudescer nos próximos 12 meses, quando se dará a escolha do novo Presidente da República e essa é uma das causas de minhas preocupações. Os ânimos se acirram num trabalho de convencimento insano, oneroso e que pode causar prejuízos à própria governabilidade.

Um grave momento se passa, em que todos nós desejamos ver o nosso país livre de uma recessão que superou a de 1929 em seus desdobramentos e que foi capaz de gerar um efeito dominó em todas as nações. As nossas observações nos conduzem a propor uma atitude de grandeza e renúncia se for preciso, apesar do fato de que muitos já estejam comemorando o fim da recessão, entendo que é prematura a conclusão! Estamos com 13.000.000 de desempregados e isso é doloroso. O entendimento se daria sob essa demanda que não é desprezível.

Em segundo lugar que se estenda essa concertação às discussões com vistas à continuidade das reformas, descolando sempre o viés ideológico dos debates. Cito Abraham Lincoln: “Não fortalecerás os fracos, por enfraquecer os fortes. Não ajudarás os assalariados, se arruinares aquele que os paga. Não estimularas a fraternidade, se alimentares o ódio”. Passados três anos do último pleito para Presidente e as discussões continuam com os mesmos temas: Lula, Dilma e Temer! Não saímos do lugar comum em torno de nomes e não de ideias como deveria ser.

Me espelhando no pensamento de Abraham Lincoln, posso afirmar que precisamos dessa capacidade e competência política para que se sensibilizem acerca da necessidade de busca da verdadeira finalidade da política: A boa gestão pública e não o contrário. Esta falta de foco inclui um Presidente da República acuado por denúncias e o próprio parlamento que se divide em governistas e não governistas. Essa falta de objetivo é insana e desconstrói uma nação.

A política é a arte do entendimento e a competência política está sim em caminhar ao lado e no mesmo sentido da boa gestão pública sob todos os aspectos sociais, não só econômicos!

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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