“…Os relatos vazados sobre a participação de Michel Temer como interlocutor de agentes do governo norte-americano em assuntos relacionados à política nacional pelo menos desde 2006, também demonstravam sua proximidade e o diálogo fluído que podem ter garantido, no mínimo, a simpatia externa pela sua manutenção no poder e na implementação das agendas de reformas e privatizações, na tentativa de entrega da Eletrobras e os Correios e na de setores da Petrobras e da Embraer, medidas que beneficiariam grandes empresas norte-americanas, como as grandes petroleiras americanas e a Boeing, por exemplo.
Os constantes e visíveis esforços norte-americanos de influenciar a política regional e nacional não podem ser considerados como os únicos causadores da desfragmentação política da América Latina e da derrocada dos governos que esboçaram uma estratégia subcontinental mais autônoma.
Os importantes interesses de influentes grupos econômicos, os políticos que os representavam no Congresso, somados à falta de energia e compromisso da maior potência sul-americana para efetivamente bancar uma estratégia cidadã, econômica e cultural negociada multilateralmente e de longo prazo para a integração regional, soam como um pedido para que o Tio Sam tome as rédeas de nossas “repúblicas” e “democracias”…”
Trecho de artigo de *Fernando Santomauro, membro do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais/GR-RI e doutor em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP).