O tombo de 2015 na economia brasileira, por Ricardo Coimbra

Como refletido anteriormente, a economia brasileira finda o ano de 2015 com uma forte retração. Retração essa que chegará a mais de 3,6% do PIB, e que, se confirmada, será a maior em 25 anos. O que parece ser a certeza de que os efeitos da implantação da “nova matriz macroeconômica” nos períodos anteriores chegaram de forma efetiva.

Matriz essa que era baseada em cinco pontos: política fiscal expansionista (com estímulos), juros baixos, crédito barato fornecido por bancos públicos, câmbio desvalorizado e aumento das tarifas de importação para “estimular” a indústria nacional. Ao longo dos anos, se verifica a incapacidade do estado de manter a política, o que vem gerando o seu estrangulamento e demonstrando seus impactos como: crescimento baixo, inflação alta, e situação insustentável das finanças públicas.

Isso pode ser verificado com o forte recuo dos investimentos – Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – em 14,5%, pela queda no consumo das famílias de 3,8%, e da queda do consumo do governo em 0,3%. Gerando reflexos sobre todas as atividades econômicas, onde se projeta um recuo de 6,3% no PIB da indústria, sendo de -9,1% na indústria de transformação e de -8,8% construção civil. Já o setor de serviços deverá recuar 2,4%. A agropecuária será o único setor com atividade positiva, com um pequeno crescimento de 1,7%.

Mesmo com a taxa Selic no seu maior patamar em nove anos, com 14,25%, tem-se uma perspectiva que a inflação chegue a 10,8%. Já a taxa de câmbio, que cresceu de forma significava no ano, deve terminar num patamar muito próximo a R$ 3,90. Fato que influenciou no resultado da balança comercial, e que deve levar a um superávit de US$ 15 bilhões, dado o crescimento de 5,1% das exportações e uma queda de 14,4% das importações.

Com a vinda de Levy se esperava a volta de uma matriz com o seguinte tripé econômico: responsabilidade fiscal, sistema de metas de inflação, e taxa de câmbio flutuante. Contudo, o seu insucesso e, a entrada de um dos precursores da “nova matriz” no posto mais elevado da economia, teme-se que seja implementada a flexibilidade e que se suporte um pouco mais de inflação para gerar alguma recuperação econômica.

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

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Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.