O que um povo pode fazer por seu país, por Haroldo Araújo

O Brasil enfrenta uma crise centrada na economia, na política ou ela é simplesmente social? É Social, econômica e política porque as três vertentes são afetadas conjuntamente. Há de se pensar que ao encararmos os problemas econômicos, então os problemas sociais e políticos serão resolvidos simultaneamente. Não é bem assim!

Programas sociais não podem ser tratados como foram até aqui improvisados em sua grande parcela se considerarmos os recursos envolvidos! E foram descuidados e decorrentes de uma transformação de programas de outras finalidades como foi o caso do Bolsa Escola em Bolsa Família e pagos em dinheiro e pronto! Só foi bem aceito quando não havia inflação significativa, mas com o recrudescimento da inflação já perdeu seus encantos, como? A inflação tira o poder de compra dos valores pagos e que, por sua vez, vão sendo corroídos.

Então podemos pensar que se resolvermos o problema da inflação, então o Bolsa Família volta para dar sustentabilidade política (como se sabe foi usado). Então é porque faltam lideranças? Sim! E todos juram de pés juntos e até os cientistas políticos mais alavancados no engajamento ao social, como assisti ontem 19.09 em programa na Globo News (19 horas ) comandado por Renata Lopretti: Afirmaram dois entrevistados como o Dr. Roberto Romano (Professor de Ética) que assim se expressou: Temos uma grande liderança: “Lula”.

A pergunta que faço é: Que líder é esse que conviveu com um ambiente de corrupção em seus dois mandatos e sem nada saber ou que chega a negar o próprio controle da nação que estava sob seu comando por longos 15 anos. Um país em que o povo tanto esperava dele como gestor e que foi eleito para comandar, ficou em desespero quando perdeu o poder e suas esperanças de crescimento e prometidas ao povo foram frustradas. Deu no que deu!

Então o que falta para reorganizar o Brasil social e politicamente? Entendo que falta bom senso, bom senso que deveria caracterizar um grupo que comandou o país a exemplo do Ex-Presidente. E não é por acaso que é considerado um líder até na interpretação de cientistas professores? Agora o líder se desnuda em mais uma crise a “Moral”.

Interesses contrariados no aconselhamento se é que realmente aconselhou e após perder o controle total sobre os grupos de apoiadores fieis, ao invés de ajudar a sanar a crise que criaram com sugestões, se revoltam em praça pública! Onde está a grandeza do líder e os valores pessoais que caracterizariam como um complemento?

Uma liderança não solta os cachorros em cima da justiça, das Instituições, da Imprensa e do que tiver pela frente, não pelo poder. Um exemplo de apoiador que não se contém é o ex-senador que não foi reconduzido ao cargo pelo povo como foi o do Dr. Suplicy. Ele vai para as ruas em compartilhamento a grupos revoltosos que, provavelmente, na melhor das hipóteses não segue as suas ordens e comando. Atingido por gás de pimenta da polícia e posa de vítima. Já foi até levado nos braços por policiais em manifestações públicas.

Não pode ir à tribuna do parlamento, mas poderia escrever em jornais! O Senador tem Pós-Graduação e é professor da FGV e sabe muito bem o mal que causa ao país com sua postura nas ruas de São Paulo, quando ao contrário poderia contribuir apontando soluções. Essas imagens que a imprensa mostra lá fora, de vitimização escancarada é próxima de regimes que nós nunca podemos aqui tolerar ou até aceitar. São cenas de regimes ditatoriais e que causaram repercussão em placas e cartazes lá em Nova Iorque. Nada mais falso para retratar um momento. Podem até nos prejudicar e devem saber disso!

Os desarranjos causados pela quase falência de programas sociais e a crise política e econômica já estão prejudicando a atual gestão, mas decorre de uma herança que não é das melhores e na falta de lideranças legitimas, que desapeadas do poder não agem com a grandeza esperada no sentido de oferecer críticas construtivas.

Peço vênia aos que acreditam em lideranças grosseiras que são capazes de afirmar que: É preferível ter políticos ladrões nas ruas pedindo voto todo ano do que passar em concursos públicos” para simplesmente discordar!. Se isso não é apologia ao crime, então não sei o que é crime!

Os projetos para solucionar a atual crise e mais discutidos são os que se pronunciam com destaque nos debates parlamentares e na imprensa, a exemplo do Teto de Gastos, Reforma Previdenciária, Liberação da imposição de participação de ao menos 30% para leilões do PRESAL. Todos relacionados à Retomada do Crescimento, portanto imprescindíveis aos ajustes fiscais

Houve um descompasso do aumento dos gastos com a queda das receitas pela adoção irresponsável de políticas tributárias equivocadas {chamadas guerras fiscais e que foram turbinadas no âmbito estadual} e também houve desonerações na esfera federal. O acordo para solução da dívida dos estados dependerá de apoio no Congresso Nacional e isso é urgente.

As Receitas caíram e as despesas continuaram crescendo. Resultado: Rombo Orçamentário. Solução? A solução é adotar uma política responsável no trato das Finanças Públicas, mas isso só será possível se contar com o apoio da população. O Presidente dos EUA J. F. Kennedy morto em Dallas em 22.11.1963 assim se pronunciava sobre o que se poderia fazer pelos Estados Unidos: “Não pergunte o que o seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer pelo seu país”.

Sabemos que onde há desinformação e menor nível de conhecimento são criados espaços para demagogos e tem-se um campo fértil para a lavagem cerebral deletéria e capaz de inflamar um povo contra a ordem. Os já bem informados não têm esse direito, mas ao contrário deveriam sim ajudar o Brasil com boas atitudes e por via de consequência ao povo que os elegerá.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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