A campanha presidencial se aproxima do primeiro turno. O cenário ganha contornos definitivos. Segundo os principais institutos de pesquisa, haverá segundo turno no Brasil e este será decidido entre Jair Bolsonaro, Fernando Haddad e Ciro Gomes. De qualquer forma, o próximo presidente estará em apuros! Os motivos não podem ser esquecidos! O próximo presidente da República terá pouca margem de investimento público, crise econômica persistente, forte oposição parlamentar e um Judiciário ainda mais atuante. A tempestade está só começando!
Recentemente, FHC causou polêmica ao publicar uma carta apelando para o bom senso do eleitorado e defendendo, claro, um nome de centro, mas o que pouca gente reparou é que a conjuntura pintada pelo ex-presidente é real e dramática. Um déficit público acumulado de mais R$ 500 bilhões, dívida pública total beirando os R$ 5 trilhões (quase 80% do PIB previsto para 2018). Gastos obrigatórios que consomem cerca de 80% dos recursos da União. Só com juros da dívida pública, o governo federal terá que desembolsar R$ 380 bilhões em 2019. Sem falarmos nos problemas com a Previdência e na Lei do Teto dos Gastos Públicos. Podemos até discutir a responsabilidade por tamanho descalabro fiscal, contudo, não é difícil prever que o próximo presidente terá o governo mais difícil desde a redemocratização.
Além desse panorama catastrófico, o presidente eleito vai se deparar com uma economia estagnada, desemprego altíssimo e desconfiança do investidor estrangeiro. Sua preocupação imediata será o equilíbrio das contas públicas. Daí a importância da equipe econômica. A tarefa será dificílima. O futuro ocupante do Palácio do Planalto deverá negociar com um Legislativo hostil e cada vez mais autônomo. As coligações dos lideres nas pesquisas de intenção de voto representam pouquíssima margem de governabilidade. Juntamente com um Legislativo difícil, o Chefe do Executivo terá que lidar com um Judiciário politicamente atuante – as Operações de combate à corrupção, as denúncias e as delações vão continuar a todo vapor. A instabilidade política contará com o apoio das principais empresas de comunicação do país.
É possível que tenhamos novas manifestações em 2019. O novo governo não terá dias tranquilos. A polarização violenta e a crise política se aprofundarão. Não devemos acreditar em propostas mirabolantes! Muito menos em uma lua de mel institucional nos primeiros seis meses de governo. Várias reformas são necessárias, mas dificilmente alguma sairá como o novo gestor imaginou. Um leitor atento poderá questionar: E se o próximo presidente não tiver equilíbrio, poder de negociação ou mesmo bom senso? Se isso acontecer, caro leitor, o apocalipse político começará em 2019.