O projeto rentista e a falência do pensamento econômico nacional, por André Araújo

Lord Keynes dizia que a História da humanidade é a Historia do pensamento econômico e um pouco mais do que isso. Keynes nos  lembra  que a formação do pensamento econômico tem um papel central na história politica porque é das ideias econômicas  que derivam as estratégias do poder em todos os tempos. Portanto reconhecer o pensamento econômico e discuti-lo é parte central do debate civilizatório e eixo fundamental da politica.

O debate do pensamento econômico em suas grandes linhas é levado a sério nos países centrais. Veja-se o caso da Inglaterra, da França, da Alemanha e da Áustria.

Na Inglaterra nasceu o ideário moderno de economia de mercado como instrumento do capitalismo  lançando as base para  Revolução Industrial. Mas também lá nasceu o socialismo dos fabianos e com a simbólica contribuição inglesa para a construção da ideologia comunista, Marx viveu na Inglaterra, laboratório de suas observações, escreveu sua obra O CAPITAL nas mesas da Biblioteca Imperial de Londres,  mirando fundamentalmente o capitalismo inglês em pleno avanço triunfal através dos cinco continentes.

Na França o mercantilismo de Colbert foi o guia das politicas de Estado por toda a Era Contemporânea, a França dando mais importância ao Estado do que ao mercado, ao contrario da Inglaterra, fazendo sua economia girar em torno do Estado Nacional, de criação francesa.

Na Alemanha nasceu o comunismo e seu antípoda ideológico, o nacional socialismo, como expressão da extrema direita capitalista. Na Áustria nasceu além de Hitler a Escola Austriaca de economia e seu desdobramento para a narrativa contemporânea de Friedrich von Hayek na defesa da economia de mercado da qual derivou o neoliberalismo dos anos 80.

Por toda esse longo período histórico o eixo central da politica foi o debate ideológico sobre o pensamento econômico. Um dos pontos altos desse debate foi a Grande Depressão americana de 1929, quando as duas escolas se chocaram, a ortodoxa representada pelo Presidente Hoover e seu Secretário do Tesouro Andrew Mellon e a heterodoxa, representada pelo novo Presidente Roosevelt seguindo uma orientação de Keynes para tirar o pais da Grande Depressão que já tinha produzido um desemprego beirando os 30%.

No Brasil moderno também surgiu um rico debate entre duas visões de economia, na década de 40, quando por um lado uma linha heterodoxa que via o Estado como indutor do crescimento, representada por Roberto Simonsen e continuada por Celso Furtado e por outro uma linha conservadora monetarista e anti-industrial representada por Eugenio Gudin.

Desse rico debate saiu vencedora a linha heterodoxa e dessa vitória nasceu a PETROBRAS, a ELETROBRAS, o BNDES e todo o crescimento do Brasil entre 1950 e 1980. O Brasil teve o maior crescimento econômico do planeta nesse período na esteira da politica desenvolvimentista. Nesse longo período os ortodoxos se recolheram e quase desapareceram, não combinavam com crescimento. Os ortodoxos amam a estabilidade e uma economia dinâmica os incomoda.

Com FHC e o Plano Real vieram com toda força os neoliberais da PUC-Rio representados pelo “grupo do Real”, economistas monetaristas formados nos EUA e que assumiram desde então o controle da politica econômica, mesmo nos anos do PT, com diferentes nuances e disfarces.

A partir do Plano Real de 1994 baixou um édito para a interdição do debate econômico no Brasil, se havia uma só verdade revelada, a da estabilidade acima de tudo, não cabe debate.

Decorrente do sucesso aparente do Plano Real e a consagração através dele da linha ortodoxa em economia com a ascensão ao poder no comando da politica econômica dos chamados “economistas de mercado”,  o debate econômico foi vetado  e ao fim arquivado especialmente na mídia e em grande parte na academia. Dominada pelos ortodoxos em quase todas as escolas de economia, com raras exceções, nas consultorias, IPEA, BNDES e Federações  e Associações empresariais, tornando os heterodoxos uma minoria desprezada e estigmatizada, preterida nos empregos e nas cátedras. A corporação neoliberal é unida.

Esse liquidação do debate econômico levou o Brasil a praticar uma politica neoliberal tardia, medíocre, baseada em certos dogmas aceitos acriticamente, sem os bons fundamentos até de um certo neoliberalismo pragmático que não opera por bordões, como se pratica nos EUA.

O chamado “Consenso de Washington” que só se conhece na América Latina e para ela foi concebido pelo Institute of International Finance, centro  criado pelos grandes bancos, foi em grande parte desmontado mundo afora pela emergência de novas forças, novos problemas, novos desafios  e novos modelos  liderados pela emergência da China como potencia disputante da liderança econômica mundial, cercada por uma constelação de economias replicantes de seu modelo, que CONTESTA os cânones do neoliberalismo ideológico e chega a altos níveis de crescimento em economias lideradas pelo Estado e usando este como líder de projetos nacionais de desenvolvimento em nada parecidos com o dito Consenso, bula lançada sobre  economias toscas e economistas provincianos da América Latina.

O motor do crescimento econômico chinês são as empresas estatais e a politica econômica não é de mercado, é de Estado, traçada em função deste e não em função do mercado.

O mantra politico do neoliberalismo é que o Estado deve se recolher a uma função mínima, a democracia plena é o único regime em que o mercado pode funcionar e só este assegura o crescimento econômico, dogmas negados pela evolução de novos atores econômicos.

O modelo asiático desmente esses cânones e se mostra vitorioso, enquanto o carro chefe da economia de mercado, os EUA, derrapa na decadência e na desigualdade inédita de um capitalismo cada vez mais financista e cada vez menos produtivo, cujo primeiro sinal de esgotamento se deu na crise de 2008, RESOLVIDA PELO ESTADO e não pelo mercado. O  programa TARP do Governo Obama salvou o mercado e marca o fim da fantasia de que o mercado resolve por si só suas crises. 2008 foi o enterro do modelo neoliberal puro de Hayek.

As lições de 2008 aparentemente não foram assumidas pelos mercados e nem pelos Estados Centrais, caminhando o mundo para uma sucessão de crises no coração do financismo da qual a crise dos subprimes de 2008 foi uma prévia e marchando por ciclos de novas crises que deverão ter seu desfecho em uma crise global de confiança, um 2008 em ponto maior.

No Brasil a adesão cega ao financismo, representado por uma politica econômica sem projeto que vem desde a péssima gestão Joaquim Levy ao fim do governo Dilma, lançando no inicio de uma recessão um programa pro-cíclico que agravou a recessão iniciante tornando-a galopante, contraindo a base monetária invés de expandi-la, algo que economistas de mercado jamais têm coragem de fazer porque isso seria correr risco de inflação. Eles preferem a morte a correr a sair de sua cartilha deflacionária em tempos de crise, propõem dieta a quem está com anemia.

A politica contracionista sem projeto está empobrecendo o Pais em beneficio de poucos, algo que desmente a sabedoria do modelo, vendido como benfazejo a toda a população. O modelo financista é AHISTORICO, não tem raízes na tradição desenvolvimentista do Brasil depois de 1930, não se ajusta ao caráter brasileiro que é mais solto e menos ordeiro. O crescimento no Brasil se baseou na ousadia e um certo aventureirismo, o brasileiro não tem caráter suíço, descolado da História e da realidade brasileira, o monetarismo é uma fé calvinista e não de Pais tropical , mais livre nas regras e costumes. Não somos a Suécia mas estamos matando o Brasil e sua população para termos uma inflação suíça em um pais emergente com tudo por fazer, onde a moeda está sendo sacralizada para garantir o rentismo e não o desenvolvimento.

A lição da história econômica brasileira é que o Brasil se desenvolveu pela liderança do Estado entre 1930 e 1980, foi o Estado que construiu a base industrial, energética, da infra estrutura que mesmo insuficiente é que dá a lastro para o Brasil existir como Pais moderno. Não foi o mercado, foi o Estado o desenvolvedor do Brasil e a negação dessa realidade é a mensagem falsa do neoliberalismo de opereta que os “economistas de mercado” querem impor.

SEM DEBATE OS IMPOSTORES PREVALECEM

Pela ausência de inimigos naturais no debate das ideias econômicas prevalecem os impostores, falsos sábios de escassa ciência e muita esperteza que se vendem como “únicos” cérebros especializados em economia e com isso pontificam na mídia.

Alguns estão em circulação há 30 anos e o pior, com as mesmíssimas ideias, sem sequer o esforço de alguma reciclagem, grupo em que encontram ex-presidentes e ex-diretores do Banco Central, gurus dos departamentos econômicos de bancos, Febraban, Federações de setores, a turma inteira do Real, os Langonis, Loyolas, Pastores, Guedes, Figueiredos, Volpons, Fragas, Aridas, Malans, Francos, Josés Marcios, Luis Cunhas, sacerdotes de uma ciência de frações de índices, de obsessão com pequenos ajustes e reformas mas com nenhum apetite por crescimento, inclusão social, incremento verdadeiro da renda per capita, melhoria das comunidades carentes das grandes e médias cidades, lares da maioria da população brasileira, sem saneamento, sem transporte digno, sem escola razoável, basta-lhes a estabilidade dos fundos que garantem a boa vida dos rentistas, seu mundo vivencial é a bolsa, o mítico “invesrtidor estrangeiro” e as conexões com Wall Street.

O DEBATE ECONÔMICO

O X da questão é que ECONOMIA não é ciência exata e nem tabela de fórmulas prontas.

Conhecer economia exige grande conhecimento geral e da História, conhecer profundamente politica e sociologia, relações internacionais, demografia e geografia. Lord Keynes foi o exemplo mais claro desse ambiente cultural sofisticado necessário para o economista. Keynes foi casado com a bailarina russa de primeira linha, Lydia Lykopowa, fazia parte de um refinado circulo de intelectuais e artistas, o Circulo Bloomsbury, a economia era apenas parte pequena de seus interesses culturais, ballet clássico era o maior deles. Keynes era criativo porque era culto, seu cérebro tinha lampejos lastreados pela sabedoria filosófica que fugia dos dogmas, não era um economista de tempo integral, nem tinha cara de primeiro da classe, que é um equipamento de rigor nos “economistas de mercado”, tão óbvios que se pode identificá-los por tipologia, o que os americanos chamam de “profiling”, o biótipo diz o que é o individuo.

Os “óbvios” entrevistados da mídia eletrônica tem um DISCURSO FIXO, ouve-se um e não precisa ouvir outros, repetem exatamente o mesmo disco, não há arejamento de ângulos de visão, nuances sobre antigas opiniões, revisão de  realidades cambiantes a cada dia.

Os que se apresentam à população como especialistas em economia são pequenos operadores de estatísticas e não pensadores, personagens do financismo puro sem qualquer visão maior de Pais ou de uma noção de destino do Brasil como nação única por suas características históricas, geográficas e de formação cultural, muitas vezes estrangeiros no Brasil, por suas raízes externas e desligados de um projeto de País, que do fundo da alma desprezam, porque o Pais se recusa a se ajustar às suas cartilhas de Harvard.

UMA POLITICA DE CRESCIMENTO

A cartilha ortodoxa tem suas virtudes mas essas não são excludentes das virtudes da hetedoroxia, o segredo é uma combinação de linhas de ação. Grandes operadores da economia foram ecléticos, às vezes conservadores, outras vezes ousados, assim foram Roberto Campos, Delfim Neto, Mario Henrique Simonsen, Ernane Galveas. Pode-se ser conservador em um tema e aventureiro em outro, depende das circunstâncias, das necessidades. Um conservador em 1918 como alto funcionário do Tesouro da Índia, Keynes foi um ousado aventureiro com a carta que recomendava a Roosevelt empregar gente nem que fosse para levar pedras de um lado para outro da estrada, só para gerar renda e tirar os EUA da depressão. Entre nós Delfim foi mestre nesse jogo, fez um congelamento de câmbio que foi o horror dos ortodoxos mas também sabia ser ortodoxo quando convinha. Roberto Campos era privatista mas de sua cabeça saiu o BNDES, coração do desenvolvimentismo brasileiro  pela mão do Estado.

Simonsen era um monetarista quase fanático, mas criou as “simonetas”, coupons de gasolina que lembravam as feitiçarias de Hjalmar Schacht, que em 1923 acabou com a inflação alemã e em 1934 inventou bruxarias como os “marcos de compensação” e os “Mefo Bonds”, que permitiram a Hitler rearmar a Alemanha para a guerra. Perto desses cérebros inventivos os Meirelles e Goldfajn de hoje são  caixeiros de armazém, não  criam nada  além de regrinhas de câmbio, liquidando com a economia outrora pujante de um grande Pais para atingir meta de inflação e deixar o real supervalorizado, RAZÃO CENTRAL da recessão que não acaba, não adianta mais colocar a culpa na ex-Presidente Dilma  porque já daria tempo de reverter a recessão e não conseguiram, Roosevelt reverteu a Grande Depressão em menos tempo.

O controle de gastos públicos é fundamental, há imensos desperdícios com o dinheiro arrecadado, MAS por si só não esgota uma politica econômica, da mesma forma que atingir uma meta de inflação não representa tal virtude que com isso se terá uma politica econômica benéfica para toda a população, cada índice tem custo e esse custo pode ser tão alto que não compensa o sacrifício. A redução da inflação para abaixo do piso da meta não trouxe e nem trará por si só crescimento, só um tolo ou mal intencionado acredita nisso mas os “de mercado” não cessam de proclamar as virtudes e as virtuosidades de se chegar a 2,9% em vez de 3%. Para eles 0,1% de qualquer coisa é algo importante, não operam por critérios de grandeza, basta-lhes os micos números das frações para mostrar como são bons, nas frações  enxergam uma tendência anunciando um beneficio futuro que nunca chega mas dá para enrolar a mídia mostrando “olha como estamos crescendo” quando aparecem 15 mil empregos para um estoque de desempregados de 12 milhões mais 14 milhões de subempregados, soltam rojões para pós de traques estatísticos reverberados pelos Sardenbergs e Miriams como se tudo isso fosse um projeto de gente grande.

A redução da inflação permite a redução da taxa básica de juros, a Selic, mas isso não garante a redução dos juros para empresas e pessoas físicas, como o dogma quer fazer crer, os juros na ECONOMIA REAL continuam absurdamente altos e para isso os neoliberais não tem solução.

A inflação abaixo do piso da meta e a redução da taxa Selic não garantem por si só crescimento e muito menos emprego, então é uma coisa pobre demais, modesta demais ao acreditar que o modelito INFLAÇÃO BAIXA + JUROS SELIC BAIXOS + CAMBIO VALORIZADO fazem o país crescer, não fazem isso acontecer em determinado tipo de economia que necessita do ARRANQUE, da partida do Estado para o trem do crescimento deslanchar.

Essas verdades evidentes por si só apareceriam em um debate verdadeiro, que está SUFOCADO na mídia onde em todos os programas de economia só aparecem “economistas de mercado” de qualidades variadas, a maioria simples repetidores de cartilhas e tripés, sem qualquer capacidade analítica, recitando dogmas e projeções para um futuro róseo que nunca chegará. Alguns desses repetidores de dogmas, como o prof.Carlos Langoni, dizem a mesmas coisas há 35 anos, sem qualquer visão renovada da realidade, como se estivesse dizendo uma missa sempre igual, um discurso monofásico paupérrimo.

Luigi Pirandello dizia que a prova da inteligência é saber ver a mesma questão sob vários ângulos, este é o eixo de seu drama clássico SEIS PERSONAGENS EM BUSCA DE UM AUTOR.

O mesmo fenômeno econômico pode ser visto por vários lados. A inflação não é sempre má, a assim como a estabilidade monetária  não é sempre boa, Salazar deu estabilidade monetária a Portugal por quarenta anos mas dois terços da população masculina teve que emigrar para não morrer de fome. O preço da estabilidade era a estagnação da economia, não era virtuosa.

O segredo está em saber dosar os instrumentos da economia de acordo com o vento e as marés. Não é preciso haver sempre uma estabilidade de cemitério, estímulos são necessários para fazer a economia andar, depois se recolhem os flaps quando  a economia estiver correndo muito rápida. O manejo tem que ser nas circunstâncias e para elas. Grandes economistas como Delfim Neto e Alan Greenspan são mestres nessas adaptações diárias à realidade cambiante, o piloto guia o navio de acordo com os marés e não sempre igual.

A atual politica contracionista vai fazer o Brasil ESTAGNAR por uma década porque não há estímulos para a economia crescer. O PRIMEIRO sinal de um ciclo forte de crescimento é a pressão inflacionaria e não menos inflação como a mídia brasileira alardeia sem perceber que expõe uma contradição, VAMOS CRESCER, mas a inflação está cada vez mais baixa, o que é um contrassenso e NINGUEM na mídia sabe ou tem coragem de declarar essa contradição.

Jornais da TV celebraram que os brasileiros gastaram em Janeiro de 2018 mais de 2 bilhões de dólares no exterior, COMEMORANDO o feito como se fosse coisa boa para o Pais.

O dólar está barato demais porque entra muito dinheiro para investimento em ATIVOS JÁ EXISTENTES, terras, shoppings, empresas, ações. Vendemos parte do patrimônio nacional e com o dinheiro vamos passear lá fora, é o mesmo que uma família vender seus moveis para dar uma festa. O gasto de 2 bilhões no exterior em um mês em plena crise econômica não é um sinal positivo para a economia. Grande parte desses gastadores são rentistas de juros ou da folha do Estado mas quem paga a conta final é o conjunto dos brasileiros, inclusive os que não viajam e isso só ocorre porque o REAL está artificialmente valorizado, estimulando gastos no exterior em detrimento de gastos no Pais que aqui gerariam empregos. Nos anos Menem, argentinos de classe baixa, viajavam pela Europa porque um peso valia um dólar, era mais barato comer em Paris do que em Buenos Aires, isso é artificial e um dia a conta chega como chegará no Brasil que gasta 25 bilhões de dólares por ano com brasileiros viajando para fora do Pais torrando dólar de nossas reservas em compras na Flórida e passeios pela Europa.

O dólar está mais barato ainda porque o Banco Central manipula a taxa  vendendo seguro cambial (os “swaps”) que custam uma fábula ao Pais com o objetivo de manter a inflação baixíssima e com isso o Pais não cresce porque estimula a importação e o turismo externo que gera empregos fora do Brasil e desemprego aqui dentro.

O segredo do crescimento chinês é o yuan desvalorizado, o manejo da politica cambial para gerar empregos na China, os EUA se batem contra isso há 30 anos mas a China continua manejando  o câmbio como é do interesse da China e com isso cresce sem parar.

NÃO SE VÊ ESSE DEBATE NA MIDIA BRASILEIRA, nem de forma superficial, o dado é comemorado na mídia como uma realização positiva do setor de TURISMO como se nada significasse para a economia nacional, não se fazem correlações de dados, tudo é visto isoladamente, há muitos anos não se vê um debate sobre câmbio na mídia brasileira.

A mídia embarcou na canoa furada de FIM DA RECESSÃO por meses a fio, algo que aqui comentei em dezenas de artigos que NÃO ESTAVA ACONTECENDO. Comentaristas ignorantes na mídia batiam bumbo nessa linha imaginária de “estamos saindo da recessão”. Usam micro oscilações de alguns índices irrelevantes, especialidade da jornalista Miriam Leilão para demonstrar que a economia está no caminho certo porque frações de 1% se moveram.

A única economista com acesso à mídia que tem conhecimento e coragem para mostrar a realidade da ESTAGNAÇÃO PERMANENTE é Laura Carvalho, uma exceção honrosa.

Ora, o crescimento historicamente gera pressão inflacionária e não o seu contrário, que é a inflação abaixo do piso da meta, portanto o mais simbólico indicativo de crescimento, uma pressão nos preços porque mais gente empregada significa mais renda e maior pressão de demanda, gerando aumento de preços. Como nada disso está acontecendo e é claro que não está havendo crescimento, agora os últimos índices do IBGE de janeiro de 2018 mostram que o desemprego continua no mesmo patamar de janeiro de 2017, o crédito dos bancos às empresas, outro sinal claro de crescimento, é MENOR em janeiro de 2018 do que em janeiro de 2017, todos os sinais são negativos, MAS comemorados pelos gurus.

O País só voltará a ter futuro quando o DEBATE econômico renascer.

O PROJETO DE ESTAGNAÇÃO PERMANENTE DOMINA A MIDIA ECONÔMICA

Miriam, Sardnberg, Denise Campos de Toledo, João Borges são comentaristas econômicos antigos, experientes, como não enxergam que a atual politica econômica montada por dois cérebros opacos é um PROJETO DE ESTAGNAÇÃO PERMANENTE? Porque tocam o realejo de que logo adiante virá o crescimento por causa dos méritos dessa politica de contadores de feijão, de um primarismo chocante? Com  meta de inflação cada vez mais baixa, no caminho da DEFLAÇÃO jamais haverá  crescimento no Brasil, no Japão ou em lugar algum.

O crescimento aqui ou qualquer lugar nasce do aumento da DEMANDA, sem esta não há porque haver investimento, NÃO É O INVESTIMENTO QUE FAZ CRESCER, É A DEMANDA.

Toda a politica desde Joaquim Levy até agora é para REFREAR A DEMANDA, diminuir o poder de compra dos brasileiros e DESISTIMULAR A INDÚSTRIA através do cambio valorizado por instrumentos custosíssimos manejados pelo Banco Central, valorizando o Real para baixar ainda mais a inflação. Foi isso que fez a inflação ficar abaixo do piso da meta e não a inteligência de Ilan Goldfajn, foi o preço altíssimo pago pela economia da produção e pelo emprego que fez a inflação ser exibida na vitrina do Banco Central como grande feito, essa inflação muito baixa custou miséria e desgraça para milhões de desempregados, A INFLAÇÃO BAIXOU PORQUE AS PESSOAS ESTÃO SEM DINHEIRO PARA GASTAR NO SUPERMERCADO, a vaidosa “inflação abaixo do piso” custou os olhos da cara ao Pais.

A inflação tendendo a zero NÃO FEZ NASCER O CRESCIMENTO, não é só virtude, criou a estabilidade do cemitério, onde nada acontece porque lá só jaz a morte.

O que fez a economia não afundar ainda mais na crise foi o setor agropecuário de exportação, o AGRONEGÓCIO, que tem dinâmica própria graças à dimensão do solo e do clima, MAS não cria quase nada de empregos, não resolve a crise nas cidades.

Dia a dia por todo ano de 2017 os Sardenbergs da GLOBONEWS cantaram o coro do “estamos saindo da recessão”, os números indicam crescimento. Oscilações dia a dia não significam tendência solida, não há nenhum indicativo de crescimento no horizonte. Faltou a esse grupo de comentaristas comentar FATOS IMPACTANTES, por exemplo, os bancos brasileiros em 2017 tiveram um lucro liquido de R$ 59 bilhões, mais que todas as empresas industriais de capital aberto somadas, quer dizer o SETOR PARASITARIO da economia, tão bem representado por Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn, GANHOU MAIS QUE O SETOR INDUSTRIAL, aquele que produz e gera empregos. Ha algo de errado nessa politica econômica, não seria um bom tema para a sábia Miriam Leitão fazer um programa especial tão a seu gosto?

 

TEXTO ORIGINALMENTE PUBLICADO EM JORNAL GGN

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