Limitado ou ilimitado, esse poder de autoridade monetária dos bancos centrais é indispensável ao controle da moeda e do crédito de um país ou bloco econômico. A Europa conseguiu, com algum sucesso, o intento de se firmar como o mais importante bloco econômico do mundo em acordos de união monetária entre nações de primeiro mundo. O Banco Central Europeu (BCE) é a expressão viva da importância de um BC e de uma moeda no setor real da economia.
Ao contrário da união monetária conduzida pelo BCE, a união fiscal tem sido mais complexa e com muita dificuldade vem sendo trabalhada pelo bloco. Entre as nações do G7, ainda mal saídas da crise financeira deflagrada em agosto de 2008, têm no grupo o poderoso Japão, em que os membros do BC japonês discordam sobre o próximo passo da política monetária. Aqui, o nosso BC contabiliza 3 décadas de entendimentos bem-sucedidos na continuidade do nosso Real (R$).
O BC do Japão se contorce ao discutir juros de curto prazo em – 0,01% e títulos de 10 anos próximos de zero e PIB inferior a 1%. De forma análoga, são as dificuldades do FED (BC dos EUA) para os juros! não é tão simples. Aqui no Brasil os analistas mais focados na análise econômico-financeira, chegam a afirmar que a taxa de juros, em previsível queda, não será suficiente para trazer de volta o crescimento econômico no Brasil e se satisfazem com PIB de 2,6% em 2020.
O governo atual é sabedor disso e já tem trabalhado a parte fiscal, com bons resultados, mas espera que os estímulos não tragam de volta a inflação de 2015. Sabemos que as políticas monetárias expansionistas com vistas a movimentar a economia, deverão ser acompanhadas de outras também, mas fora da área de atuação do Banco Central do Brasil. Podemos imaginar que as medidas até aqui adotadas não chegaram, como muitos queriam, ao setor real da economia.
A moeda é o ativo mais líquido de uma economia e os balanços das empresas mostram como anda essa liquidez das empresas nacionais. As empresas no Brasil apresentam seus demonstrativos financeiros, evidenciando a espera de políticas creditícias e/ou impulsionadoras da atividade econômica. Ninguém se aventuraria a fazer grandes empreitadas neste momento, porque a imobilização de recursos financeiros necessários alteraria as projeções de liquidez.
Há um visível processo de regressão da alavancagem. Como? Os empresários fogem das dívidas com a rede bancária. Por outro lado, mantêm valores direcionados às aplicações no mercado financeiro, quando o desejável seria buscar as melhores linhas de crédito para empresários oferecidas ao setor real da economia, já sinalizadas. O governo, ao baixar os juros, está sinalizando aos empreendedores o caminho de volta ao crescimento econômico: Alavancagem.
O Brasil está longe das preocupações com a armadilha da liquidez enfrentada pelos japoneses. Não temos juros tão baixos ou próximos de zero e não temos recessão. John Maynard Keynes (1883-1946) foi o primeiro as tratar dessa situação que discutimos. Vale destacar que, se não há controvérsias, há muita discussão acerca da afirmação do renomado economista. Os governantes acompanham o resultado da inflação de 2019, 4,31%, que está acima da meta.
A taxa SELIC foi fixada em 4,5% a.a. e a inflação também está sob controle, agora na banda superior de flutuação. Não há os elementos que apontam para a armadilha e há previsão de crescimento em 2,6%. Os números ainda sinalizam bastante espaço para trabalhar com juros e criar mecanismos estimuladores da retomada. O BC acompanha o que vem sendo realizado em termos desta atual política de ajustes e reformas econômicas para a retomada do PIB.
Nossa intenção é alertar para riscos externos que dificultam a ação da autoridade monetária, que, também, não tem poderes ilimitados, mas trabalha consciente de suas atribuições: O Real!