O espelhamento crise x oportunidade à moda brasileira

O espelhamento das palavras crise e oportunidade é prática banal no mundo dos negócios e na sua conexão com a administração pública. O recurso a dois exemplos históricos recentes explica mais rápido e mais fácil a ideia.

Governo tucano, virada do século, FHC um presidente pouco afeito ao trabalho pesado, já quase no último ano de mandato. Uma monumental crise de energia, o tal apagão. É a crise.

De um jeito ou de outro, aos trancos e barrancos, o país atravessa a bronca. Nada muda estruturalmente. Mas sai da crise. O que fica dela? Adivinhe! Um negócio da China. As termelétricas. Monta-se um esquema que não resolve nada, mas até hoje, duas décadas depois continua rendendo lucros extraordinários a quem nele entrou. Simples: energia a preços de cinco a dez vezes maior que o normal. É tão bem amarrado juridicamente que dele o Estado não tem como sair.

Outro exemplo.

O Plano Real reduziu a inflação e isso tirou dos bancos margem de lucro. Chegou pra eles a hora da verdade. Descobriram-se vulneráveis. Era preciso salvar o sistema bancário brasileiro. Veio o PROER e os bancos foram salvos, meia dúzia sacrificados, vários pequenos e médios foram comprados pelos grandes. A crise foi enfrentada.

Agora, a oportunidade.

Bancos foram autorizados a cobrar livremente tarifas de serviços. Seria pouca tarifa para cobrir custos administrativos e evitar demissões. Décadas depois, as tarifas podem chegar a cinquenta bilhões de reais por ano e os empregos no setor desabaram com a automação.

É isso que chamam de mercado? Uma conexão lucrativa entre o público e o privado? A transformação de crise em oportunidade?

Jana

Janete Nassi Freitas, nascida em 1966, fez curso superior de Comunicação, é expert em Administração, trabalhou como executiva de vendas e agora faz consultoria para pequenas e médias empresas, teve atuação em grêmios escolares quando jovem, é avessa a redes sociais embora use a internet, é sobrinha e neta de dois vereadores, mas jamais engajou-se ou sequer chegou a filiar-se a um partido, mas diz adorar um bom debate político. Declara-se uma pessoa “de centro”. Nunca exerceu qualquer função em jornalismo, não tem o diploma nem o registro profissional. Assina todos os textos e inserções na internet como “Jana”.

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