O “DEU NO JORNAL” PERDEU A FORÇA DE CONVENCIMENTO

Alguma cousa está mudando neste país dos interesses de sempre. Os jornais e jornalistas, quando eram projetos provincianos de uma mídia em construção, passavam incólumes às críticas. “Deu no jornal” era a afirmação definitiva da verdade.

Hoje, já não existem jornais de papel. A mídia ocupou o lugar espaçoso no qual se produz a opinião e se constrói a realidade.

Essa transformação trouxe, entretanto, as armas de defesa contra o império de influência exercida pelos antigos jornais.

A mídia perdeu o monopólio da verdade e dos fatos que o antigo jornalismo criou e administrou.

A Internet, as redes sociais e os equipamentos que servem aos usuários desses meios de informação e divulgação, exercem um poderoso controle social sobre a mídia e os âncoras e comentaristas. Exigem competência e ética, atributos que essas moças de saias longas, a rapaziada assanhada e a velhice plena de esperteza não possuem, na sua maioria. As exceções por serem exceções são respeitadas. Sabemos quem levar a sério dentre essas vozes comissionadas.

O “deu na tv” já não serve mais como justificativa para o desmonte da realidade, produzida por parte insigne da mídia.

Como na “Ágora” de Atenas, todos e cada um, nos espaços da “web”, armam-se dos seus juízos de fato e de valor e transformam-se em editores do que pensam e falam. Há exageros, sim não há como discordar. Serão mais graves do que as imposturas que se escondem nos canais de tv, pelas artes de hackers bem treinados?

Não será por outra razão que tantas e tão poderosas instâncias, nas franjas do Estado, pedem urgência para a regulamentação das redes sociais. E o Congresso e o Judiciário, tão ronceiros nas suas procrastinações, exigem urgência… Urgência urgentíssima para pôr côbro a tanta liberdade desperdiçada…

Paulo Elpídio de Menezes Neto

Cientista político, exerceu o magistério na Universidade Federal do Ceará e participou da fundação da Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia, em 1968, sendo o seu primeiro diretor. Foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e reitor da UFC, no período de 1979/83. Exerceu os cargos de secretário da Educação Superior do Ministério da Educação, secretário da Educação do Estado do Ceará, secretário Nacional de Educação Básica e diretor do FNDE, do Ministério da Educação. Foi, por duas vezes, professor visitante da Universidade de Colônia, na Alemanha. É membro da Academia Brasileira de Educação. Tem vários livros publicados.