O declínio do partidarismo e a eleição de Bolsonaro, por Eduardo Paulino

As eleições para Presidente do Brasil em 2018 carregaram uma conjuntura herdeira das eleições de 2016, revelada na insatisfação do povo com a classe política e antipetismo. Desenvolveu-se, assim, um antipartidarismo, afetando, além do PT, partidos tradicionais como MDB e PSDB.

Acerca do antipartidarismo, podemos utilizar os dados das eleições para governadores. O MDB, que possuía o maior número de governadores, passou de 6 para 3 governadores. O PT, que tinha 5, passa a ter 4. O PSDB, que tinha 5, passa a ter 3.

Esse antipartidarismo beneficiou partidos que não possuíam executivos estaduais. Esses partidos são: PSL, que não tinha executivos estaduais e passa agora a ter 3. DEM e PSC conquistaram 2 estados. E o Novo conquistou 1 estado.

As legendas que mantiveram o mesmo número de governadores foram PSB, com três, PSD, com dois, e PC do B, PHS e PP, com um governo cada.

Com a queda do partidarismo era de se esperar um aumento na força do personalismo. Para Maurice Duverger, em seu livro Os Partidos Políticos, nos sistemas multipartidários se dificulta a identificação de uma grande massa com um partido, o que dá força ao personalismo.

No caso do Brasil, o personalismo ficou a cargo de Jair Bolsonaro. Desde os esquemas de corrupção dos partidos revelados pela mídia, ele dizia se opor à toda “roubalheira”. Isso chamou a atenção dos eleitores que estavam cansados dos partidos e de corrupção. Bolsonaro defendeu duas instituições que, de acordo com o índice de Confiança Social de 2018, feito pelo IBOPE Inteligência, tinham grande confiabilidade da população: A Igreja e as Forças Armadas.

Segundo a pesquisa do ICS 2018, a Igreja possui 66% de confiança da população brasileira. As Forças Armadas possuem 62%. No mesmo estudo, temos também os índices de confiança do Congresso Nacional e dos Partidos Políticos que são 18% e 16%, respectivamente.

Estes dados mostram que a população brasileira estava descontente com os políticos, parlamentares e executivos. Bolsonaro, mesmo sendo um político tradicional, era conhecido apenas no Rio de Janeiro até 2016. Seu marketing político passou a integrar às redes sociais, levando suas palavras ao resto do país contra a insegurança, contra a corrupção. Por conta disso, os outros estados começaram a conhecer Bolsonaro e aprovar as palavras que ele proclamava em suas redes sociais.

Bolsonaro se apresentou como o novo na política, mesmo sendo velho na política. Bolsonaro soube entender os anseios da população que clamavam contra a corrupção e contra a insegurança. E cresceu como um personalista fora dos partidos políticos. Isso foi o que lhe salvou da negação proposta aos políticos tradicionais e o elegeu.

Eduardo Paulino

Eduardo Paulino é estudante do curso de Ciências Sociais na Universidade Estadual do Ceará. Foca na área de Ciência Política nos campos de partidos políticos, eleições, marketing político e comportamento político.

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Eduardo Paulino

Eduardo Paulino é estudante do curso de Ciências Sociais na Universidade Estadual do Ceará. Foca na área de Ciência Política nos campos de partidos políticos, eleições, marketing político e comportamento político.