O constrangimento do Banco Central e a hipocrisia da falsa austeridade só aumentam, por Capablanca

O constrangimento do Banco Central nesta quarta-feira deverá ser ainda maior do que tem sido ao longo dos últimos meses. A inflação só cai, e cai forte, ladeira abaixo, saindo de uns onze por cento ao ano para algo abaixo de 4,5% ao ano. Enquanto isso, o juro que o governo Brasileiro paga aos rentistas (pessoas ricas que vivem de renda) dos títulos públicos caiu apenas de 14,25% para 13,0% ao ano.

Nos últimos quase trinta anos, o Banco Central do Brasil tem uma receita única: aumentar os juros. O mundo inteiro está com taxas de juros ao redor de zero (as exceções são a Rússia e a China) ou até mesmo negativo (isso mesmo, o investidor paga ao banco para guardar seu dinheiro) e aqui pagamos oito por cento ao ano de juros reais. Não é uma piada, porque não tem graça. Tambeem não é um crime, porque está dentro da lei.

O constrangimento aumenta porque o drama social arrisca explodir. Já são vinte e dois milhões de brasileiros entre desempregados e subempregados, uma tragédia. O constrangimento também aumenta porque o absurdo se torna cada vez mais evidente e estranho, quando se observa a prática no resto do mundo. O constrangimento também aumenta porque até os economistas “de mercado” debatem o abuso publicamente. O constrangimento aumenta porque não há mais discurso capaz de sustentar a queima de dinheiro público dessa dimensão.

Se o Banco Central não cortar a taxa Selic em pelo menos 2,0 por cento nesta quarta, toda a hipocrisia da falsa austeridade fiscal vai ficar ainda mais evidente.

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.

Mais do autor

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.