O BC trabalha pela estabilidade da moeda e sem protagonismos, um exemplo – HAROLDO ARAUJO

Em harmonia com o governo, o BC trabalha, também, em última análise, pela estabilidade econômica. Evidente que este importante órgão e o governo não são capazes de empreender ações isoladas e estanques, mas não sendo parte do governo o BC terá que ter autonomia para focar na moeda. É preciso compreender que ambos atuam sem protagonismos, focos e objetivos dos 2 são como disse, indissociáveis, mas distintos, para poder viabilizar os interesses do Brasil.

O PIB brasileiro, há alguns anos, oscila acima e abaixo de 1%. Esse baixo crescimento gera certa volatilidade e vem causando inquietações nos mercados pelas expectativas e cenários indefinidos. Por essa razão o ministro Paulo Guedes enfrenta pressões para criar estímulos à economia. O Presidente Bolsonaro fica no dilema de buscar alternativas para o impasse da demora na retomada de um crescimento mais robusto. A política econômica é com o governo.

Evidente que o BC brasileiro se diferencia dos demais no resto do mundo, em suas atribuições e em face das condições do mercado e instrumentos de que dispõe, assim como a moeda a que se obriga a defender. Conta com respaldo legal para adoção de medidas que deram muito certo em outros mercados e diante de situações que demandavam afrouxamento monetário com vistas a garantir a expansão do crédito. Com taxa de juros recorde: 5% a.a., o que fazer?

Juros baixos têm o condão de permitir uma taxa ROI (Return On Investiment) aos empreendedores e investidores, uma vez que a própria inflação (3,45% a.a.) determina juros reais de primeiro mundo. Se ainda é pouco, posso afirmar que a caixa de ferramentas do BC não foi aberta, porque o COPOM não sinalizou neste sentido. O BC poderá utilizar recursos que estão “esterilizados” em conta de depósitos compulsórios para reduzir o efeito multiplicador do Real.

Evidente que o mercado espera do governo, uma sinalização no sentido de que vai dar início ao esperado processo de criação de novas medidas que sejam capazes de complementar o que já está aprovado e o que está em curso. Lei de Liberdade econômica, reforma trabalhista e sinalizações de austeridade para angariar a confiança dos investidores na situação fiscal e correções dos déficits olvidados. Investidores internacionais buscam também garantia/ liquidez.

O fato é que temos espaço para crescer sem gerar inflação e qualquer fórmula encontrada pelo governo para aumentar o crédito ou a liquidez será alvo de mudanças na política monetária e creditícia (ressalto a diferença). O governo do Presidente Bolsonaro conta com uma autoridade monetária em plenas condições de atuação com medidas complementares, face a credibilidade que angariou em defesa de nossa moeda o R$ (Real) e Bolsonaro sinalizou com a sua autonomia.

Há pressões e inquietações, para que a área econômica adote medidas populistas. É preciso muito cuidado, porque nessa escolha o castigo vem a cavalo. Assim como na Ecologia, a natureza se vinga, na Economia a vingança é do mercado. Alguém já tentou sugerir à cúpula da área econômica a adoção do chamado afrouxamento monetário “Quantitative Easing” (QE), que foi adotado pelo Federal Reserve e, também, pelo BCE (Banco Central Europeu) na crise de 2008.

Não vejo motivos para pânico, mas vejo razões de sobra para que as duas grandes forças representadas no governo por Paulo Guedes e no Banco Central por Roberto Campos Neto, combinem uma ação coordenada para criar estímulos à retomada do crescimento econômico. Paralelamente, deverá ser sinalizada continuidade de esforços para a política de reformas com vistas ao equilíbrio fiscal, em políticas harmônicas e com vistas à estabilidade econômica.

O momento exige que outros poderes, legislativo por exemplo, trabalhe em harmonia e sem protagonismos que só fazem mal ao Brasil. Minha sugestão é que sigam o exemplo do B C.

 

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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