O Banco Central do Brasil é a casa de compras e vendas diárias de bilhões que podem somar trilhões em menos de um mês. Ele lida com compras e vendas de moedas estrangeiras e suas cotações oscilam para cima e para baixo numa amplitude incomum, extraordinária. Significa dizer que o BC pode ter lucros extraordinários e também prejuízos extraordinários. O resultado do ano passado foi extraordinariamente alto em valor absoluto. Precisa dizer que foi negativo?
O Banco Central também define a taxa de juros que pagarão os títulos da dívida do governo federal. Um pequeno comitê estabelece uma despesa que poderia oscilar entre (digamos) 400 e 800 bilhões de reais. Digamos que a taxa de juro anual poderia (considerados os padrões internacionais) oscilar entre 4 e 8 por cento. O Banco Central escolheu o juro de 13,75 por cento para os últimos 12 meses.
Essas duas coisas não são normais, “de mercado”, resultado de oferta e procura em ambientes minimamente regulados. Não estão nos livros de gestão financeira. Poderiam estar no código penal, se examinadas com absoluto rigor, a partir do estrito interesse público.
Comprar e vender dólares e títulos no mercado financeiro diariamente, em operações que podem ser de bilhões de reais cada uma, é coisa séria e delicada. Basta um décimo de um por cento em uma transação de dois ou três dias para fazer alguém mais rico em alguns milhões. E o Tesouro mais pobre no mesmo tanto. Agora imagine isso acontecendo todos os dias, várias vezes ao dia, todas as semanas, todos os meses…
Agora, se você leu e entendeu este textinho, vai entender o que está acontecendo agora e o porquê do sistema financeiro ter lutado tanto para tirar do governo o poder sobre o Banco Central que continua do Brasil.
É de dinheiro grosso que se trata.