Difícil a missão de acertar as contas do governo. Essa é a constatação que se faz em uma nova alteração da meta proposta pelo governo ao relator da matéria no Congresso. Pois a solicitação do governo ao relator, deputado Ricardo Teobaldo (PMB-PE), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, é de reduzir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB do ano que vem para 0,5% – de R$ 43,834 bilhões para R$ 30,587 bilhões – e ainda permitir que a mesma possa ser zerada por abatimentos.
E entre esses possíveis abatimentos, estão a utilização de recursos em gastos no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), com o combate a endemias e ações de vigilância sanitária, reforços ao SUS, gastos em ações de combate à seca e áreas afetadas por desastres e até frustração de receitas.
Outro fator que assustou o núcleo duro do governo foi a possibilidade da redução dos recursos do bolsa família na ordem de R$ 10 bilhões, que seria proposto pelo relator. Se junta a isso o fato de a base de apoio do governo no Congresso cobrar uma meta menor de superávit primário. E em função do processo de impeachment, o governo, neste momento, também, não está em condições de comprar uma briga com o Congresso.
O grande viés dessa decisão está atrelado a não concordância do próprio ministro da fazenda, Levy. Que vem demonstrando abertamente a insatisfação em relação a não possibilidade da manutenção de uma política fiscal mais restritiva. O que para muitos seria a gota d’água para deixar o cargo, caso a meta fosse modificada. Chegou a afirmar que essa redução seria “inconveniente”. Mostrando total desacordo com o que fora negociado pelo ministro do planejamento Nelson Barbosa, com o aval da presidente Dilma.
Deixando claro que a decisão foi à contra gosto do ministro, deixando sua situação no governo bastante complicada. Estima-se que a presidente vinha conversando com o Ministro no intuito de convencer das necessidades do governo nesse instante, com uma economia fraca e de forte disputa política, e mesmo assim mostrou-se reticente. Levando cada vez mais a incerteza de sua continuidade a longo prazo no cargo.