Narcisismo, por Alice Tozzi

O termo narcisismo nos remete à figura de narciso da mitologia grega. Narciso era um rapaz muito belo e demonstrava certo entorpecimento por tal característica. O narcisista sempre busca no outro o eco dele próprio. O narcisismo envolve a maneira como a pessoa se vê e como se apresenta ao mundo exterior. Faz parte de nós e não necessariamente é um desvio de personalidade.

Em meio às relações sociais, devemos estar atentos a quem necessita do olhar e do reconhecimento alheio de forma excessiva. Tal necessidade conduz a uma forma de fascínio, altamente enganoso, que nos leva a uma servidão a esse modus operandi de viver do outro. O narcisista não consegue se libertar desse superinvestimento em si. Portanto, esse encantamento é, via de regra, defensivo.

Numa cultura marcadamente digital, haja vista a quantidade de mídias sociais que permeiam atualmente as relações humanas, percebe-se que a imagem que se quer promover em tais meios é a imagem da pessoa feliz, vitoriosa, que tem uma vida incrível. No esforço de projetar uma imagem glamurosa de si, as pessoas se utilizam dos mais variados recursos, linguagens e elementos simbólicos, de modo a tornar verossímil esse personagem ou versão idealizada de si mesmo, por vezes dissociada do eu real.

No entanto, engana-se quem pensa que o narcisismo está relacionado apenas a uma imagem superestimada de si. O narcisismo está apoiado em três elementos, quais sejam: imagem, identificação e investimento. O narcisismo conduz a uma forma de fascínio, porém um fascínio enganoso, que entorpece.

Por outro lado, reconhece-se que algumas pessoas cultivam uma imagem de autodesprezo, de autodepreciação, o que também pode denotar uma estrutura narcisista, haja vista que a identificação e o investimento é que permitem manter essa dinâmica em destaque.

Sendo investido nessa imagem de forma desmedida, o sujeito distancia-se do verdadeiro eu, e, portanto, defende-se de certas situações, as quais deixam de ser enfrentadas e reparadas. Nesses casos, dentro de um processo terapêutico, a estratégia terapêutica deve recorrer a um certo esvaziamento do “excesso”, permitindo que se direcione o investimento a algo até então relegado.

Alice Tozzi

Psicóloga formada na UNICAP em Recife. Formação em Psicoterapia breve-focal, Neuropsicóloga e Pós Graduada em Psicodiagnóstico. Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos. Avaliação Neuropsicológica e Psicodiagnóstico. Assessoria Educacional. Contao: [email protected]

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Alice Tozzi

Psicóloga formada na UNICAP em Recife. Formação em Psicoterapia breve-focal, Neuropsicóloga e Pós Graduada em Psicodiagnóstico. Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos. Avaliação Neuropsicológica e Psicodiagnóstico. Assessoria Educacional. Contao: [email protected]