Não verás país nenhum. Por Marcelo Lavor

Ainda nos anos 80, li “Não verás país nenhum” de Ignácio Loyola Brandão, livro surreal e que antecipou muito do que se vê por aqui hoje.

Mas fica devendo dado a quantidade de fatos e pessoas surreais que somos obrigados a ver todos os dias na santa mídia.

O Realismo Fantástico de Borges, Garcia Marques, Vargas Llosa, Cortázar, Fuentes, Casares e outros tantos, terá que ser revisto e, quem sabe, até se enquadrar em outro estilo literário.

Como superar histórias onde pai e mãe entregam o filho menor a um estrupador, já preso por pedofilia, em sua cela numa prisão?

Como superar os casos de absolvição por excesso de provas de deslavados réus filmados, gravados, documentados, delatados com malas de dinheiro ou com apartamentos que mais parecem uma caixa forte do Banco Central?

Você leu certo, não por insuficiência de provas, é por excesso mesmo!

Como superar a crônica de crimes de Abdel Massih que depois de condenado a 200 anos de prisão, voltou para casa por razões humanitárias? Sim, você mais uma vez você leu certo, razões humanitárias. Talvez seja melhor nem falar nisso, a Mônica Iozzi é que sabe, ou melhor, é que pagou por isso.

Como superar Lulas, Dilmas, Temers, Jucás, Aécios, Renans, Gilmares, Sérgios Machados, Gedels, Padilhas, Moreiras Francos, Sérgios Cabrals, Gleisis, Paloccis … a lista é interminável … em sua insana luta pela cleptocracia de seus partidos, ou melhor, de suas quadrilhas? Quadrilhas ou seitas? Já nem sei mais.

Como superar masturbadores ejaculando litros em mulheres nos ônibus e metrôs que carregam o estigma de serem mulheres no país onde o juiz afirma que isso não crime para cadeia, no máximo uma reprimenda: vá bater punheta no banheiro!

Como superar a sem-vergonhice e a ironia de fundos democráticos eleitorais de três ou um bilhão e setecentos, não importa o valor, que tiram da população o que já não existe em educação, saúde, trabalho, habitação, assistência social e tudo mais?

Personagens da Macondo de Garcia Marques e do país surreal de Brandão se transformam em seres absolutamente normais diante da grandeza surreal que assistimos no Brasil, onde cada Poder se refestela numa farra de mordomias e na incrível desfarçatez da falta de vergolha alheia.

Há quem vá dizer que esta indignação é de quem não conhece as leis, de um cidadão ignorante, que nem conhece a Constituição ou o Código Penal. Ignorante sim, idiota não!

Não veremos país nenhum igual a esse, Ignácio de Loyola, o escritor, não o santo, tinha razão.

Marcelo Lavor, o ignorante indignado.

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