Moça, você sabe o que é o machismo? por Hérika Vale

O machismo não é o contrário do feminismo, por isso pode parar de dizer que “o feminismo é coisa de mulher que não gosta de homem”. O machismo é um conjunto de opiniões e atitudes de um sujeito que não acredita e não aceita a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros sexuais, favorece e enaltece o sexo masculino sobre o feminino. O machista é a criatura que exerce o machismo.

O machismo é a ideia errônea de que os homens são “superiores” às mulheres.

O machismo é um comportamento cultural que está arraigado no seio de nossa sociedade desde que a mãe da sua mãe tinha tatatatatatatatatataravó.

Ele é tão cultural que até nós, mulheres, algum dia em nossas vidas já reproduzimos comportamentos, pensamentos e posicionamentos machistas. Quando nos privamos de fazer algo porque “não é coisa de mulher”, ou já reprovamos, mesmo que inconscientemente, o comportamento “não feminino” de uma amiga ou até daquela atriz famosa da série de TV.

O machismo é tão comum que é refletido até naqueles comentários bobos no trânsito, “só podia ser mulher”, que tenho certeza você já escutou ou mesmo fez ecoar. Está refletido nas piadas sexistas que falam sobre loiras, peitudas e por aí vai. O machismo é tão comum que não percebemos o quanto nós mulheres somos machistas e a maioria prefere não sair do seu lugar comum e retrucar quando escuta um “isso é falta de homem”.

Provavelmente você, mulher, ou alguém que conhece já sofreu as consequências de um comportamento machista. Já ouviu “mulher não senta de perna aberta”, “mulher fica mais bonita usando batom e de salto alto”, “futebol não é pra mulher”, “mulher não deve beber cerveja”, “toda mulher sonha em ser mãe e casar”, “uma mulher só é completa se tiver um homem ao seu lado”, “mulher não sabe trocar pneu de carro”, “vai lavar uma louça”, e uma infinidade de frases que ainda dizem, todas elas depreciando o papel da mulher ou suas qualidades.

O que se observa é que a superioridade do gênero masculino, bradada tão virilmente por seus exemplares,  é reproduzida também por nós mulheres, que a interpretamos como natural. Sempre trouxemos e presenciamos esse comportamento. Em tratamentos diferenciados dentro de uma família onde somente a filha é encarregada dos afazeres domésticos, quando presenteamos uma criança do sexo feminino com um conjunto de fogão, mesa e geladeira acompanhados de pequenas vassouras e quando separamos as cores, rosa é para menina e azul, para menino. Quando não permitimos que nossos meninos brinquem de boneca ou nossas meninas joguem bola quando eles desejam.

Os tratamentos diferenciados saem das casas e povoam os ambientes de trabalho. As ruas. Em lugares como o Rio de Janeiro, no Japão, Egito, Índia, Irã, Indonésia, Filipinas, México, Malásia e em Dubai, já existem vagões de trens exclusivos para mulheres. Uma medida dos governos para a proteção contra o assédio às mulheres.

Os tratamentos diferenciados também estão presentes quando não temos autonomia sobre nosso próprio corpo, como quando não podemos fazer um aborto de maneira segura, ao passo que os homens não sofrem a mesma pressão social quando decidem não assumir o filho; ou quando somos estupradas uma a cada 20 minutos em um país como o Brasil, e ainda somos culpadas, marginalizadas pelo mesmo sistema que deveria nos cuidar e acolher. Somos objetificadas pela mídia, por nossos companheiros, pela moda, pela a ditadura do corpo perfeito e sofremos em nossa carne essa objetificação.

Quase diariamente vemos o resultado violento do comportamento machista que por muitos anos muitas de nós reproduzimos, mesmo que inconscientemente. Somos alvo de violência por agressores que são completamente respaldados por modelos de comportamentos que afirmam que nós, mulheres, somos inferiores a eles.

Então moça, você já sabe o que é o machismo?

 

 

Hérika Vale

Jornalista, Graduada em Língua Portuguesa , apaixonada por educação,pela cultura do meu sertão e pela boa política. Feminista com "F" maiúsculo ,com causa e propriedade, e colunista do Segunda Opinião.

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Hérika Vale

Jornalista, Graduada em Língua Portuguesa , apaixonada por educação,pela cultura do meu sertão e pela boa política. Feminista com "F" maiúsculo ,com causa e propriedade, e colunista do Segunda Opinião.