Por Elio Gaspari
Na Folha
Dois Meses de Mistério na morte do reitor
No próximo sábado completam-se dois meses da manhã em que se matou o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier.
Desde então, sabe-se que Robert Mugabe perdeu o trono do Zimbábue e que a Justiça devolveu Jorge Picciani à cadeia. Só não se conhecem os resultados das investigações que permitiriam “maior aprofundamento na análise” das denúncias que levaram a Polícia Federal a pedir e a conseguir que a Justiça mandasse prendê-lo. Levado para a carceragem, ele foi solto com a proibição de pisar na UFSC. Seu corpo voltou à universidade para o velório.
A operação “Ouvidos Moucos” mobilizou 105 policiais e foram presas outras seis pessoas. A PF anunciou que haviam desviado R$ 80 milhões de um programa de ensino à distância. Falso, esse era o montante do programa. O desvio teria sido, no máximo, de R$ 500 mil.
Sabe-se que Cancellier não era acusado de ter desviado um só tostão. O corregedor Rodolfo Hickel do Prado denunciava-o por tentar obstruir investigações. Ele pediu licença médica e daqui a pouco voltará ao serviço.
Não se trata apenas de saber o que o reitor fez de errado. Trata-se de saber em que resultou a investigação da “Ouvidos Moucos”. Até agora, nada.
Sabe-se, contudo, que o matemático Acioli Antônio de Olivo pediu, em nome da família, que o Ministério da Justiça abra um “procedimento de responsabilidade administrativa, civil e penal” para apurar a conduta da delegada Érika Mialik Marena, que solicitou as prisões. (Criadora da expressão Lava Jato, ela é interpretada pela atriz Flavia Alessandra no filme “A Lei é Para Todos”.) O pedido começou a tramitar.