MILLS e CHICO SCIENCE

Em A ELITE DO PODER, o sociólogo Charles Wright Mills afirma, explicando a sociedade americana de 1956 que como a riqueza, o poder e o prestígio são cumulativos, quanto mais temos mais podemos conseguir. Diz ainda que os ricos tem mais facilidade de adquirir mais poder e mais fortuna do que os pobres. Ora, nos vem à mente, imediatamente, a letra da música A Cidade de Chico Science, da Nação Zumbi. Em 1994, a crítica do pernambucano alardeava a desigualdade social no Brasil que hoje, duas décadas depois, é uma das nossas grandes mazelas: “o de cima sobe o de baixo desce”. Em estudo recente, o IBGE informa que em 2018 se constatou 52,5 milhões de brasileiros vivendo na linha de pobreza, são aqueles que vivem com menos de R$ 420 reais por mês. Em 2018 observou-se ainda 13,5 milhões de pessoas na linha da extrema pobreza: são aqueles que sobrevivem com R$ 145 reais mensais. É menos do que se gasta para encher um tanque de gasolina de um carro popular. Significa ter uma divisão clara entre pobres e miseráveis e a inexistência efetiva de políticas que abracem essas pessoas, buscando retirá-las da extrema pobreza e deixá-las, pelo menos, pobres. É essa a análise?   A nossa incompetência política de que falei recentemente, nos deixará pensar nessas questões sem a polarização esquerda e direita ou pensar em projetos que unam forças politicas com preocupação com a população mais pobre e carente? A dominação de que fala Mills resultante do exercício incansável das elites do poder já chegou ao seu ápice ou ainda virá mais? Até que ponto aguentaremos tanta desigualdade que cresce junto com a retirada do Estado brasileiro que festeja, sem piedade “a morte da velha esquerda”. O Estado não pode se retirar, ao contrário tem que marcar presença, executando ações que reduzam as desigualdades e promovam a inserção dos indivíduos marginalizados no mercado de trabalho, ofertando mais escola, qualidade de vida e a segurança de que amanhã haverá o que comer em casa. Mills e Science falaram sobre elites, exercício de poder, riqueza desmedida, pobreza desmedida, desigualdade…indivíduos desiguais.

 

Adriana Soares Alcantara

Mestre e Doutoranda em Planejamento e Políticas Públicas da UECE Pesquisadora integrante do Grupo de Pesquisa da UECE na linha "Política faccionada e atuação dos partidos políticos em âmbito subnacional". Servidora do TRE e Integrante da Comissão de Participação Feminina CPFem

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Adriana Soares Alcantara

Mestre e Doutoranda em Planejamento e Políticas Públicas da UECE Pesquisadora integrante do Grupo de Pesquisa da UECE na linha "Política faccionada e atuação dos partidos políticos em âmbito subnacional". Servidora do TRE e Integrante da Comissão de Participação Feminina CPFem