Michel Temer, a situação econômica e o que pensamos, por Haroldo Araújo

Certamente que se tivesse pleno emprego não estaríamos aqui discutindo as razões de uma situação econômica tão desfavorável em face de uma herança de 12.000.000 de brasileiros desempregados, e por falar em pleno emprego poderíamos falar do autor de General Employment Theory .

Falar em John Maynard Keynes (1883-1946) nos obriga também a dizer o quanto é importante remeter a questão do desemprego vivido pela Inglaterra nos anos vinte (1920). Keynes entendia que aquele país enfrentava um círculo vicioso: “Sem dinheiro para injetar nada poderia se esperar como resposta na economia”. O próprio autor da Teria do Pleno Emprego, assim se pronunciava em complemento à sua assertiva ideia acima: “ É precisamente por não fazermos nada que não temos dinheiro”. Não se trata de “Sofisma” mas de uma ideia!

Benjamin Steinbruch escreveu artigo na Folha de São Paulo em que expressa sua preocupação com a economia brasileira! E qual a preocupação? Pelo que entendo Steinbruch quer o ajuste para que o Banco Central possa fazer seu trabalho no controle da inflação! Mas quer o empresário {também} que haja dinheiro na economia para trazer os empregos de volta.

Steinbruch transcreve o pensamento que penso ter entendido dessa forma: “São espantosas as coisas tolas em que se pode acreditar temporariamente quando se pensa sozinho durante muito tempo”. Evidente que o pensamento de Keynes se contrapõe a Hayeck um liberal e certamente que o dinheiro seria para “Investimentos” nunca para aumentar despesas.

Imagine que o próprio Tesouro Inglês achou míope aquela ideia em face do momento. De 1920 para cá predominou o pensamento liberal na Inglaterra? Sim! Senão vejamos o que dizia [nos anos mais recentes] a primeira ministra Margareth T. a chamada Dama de Ferro: “Não existem recursos públicos! Existem recursos arrecadados e eles são privados”. Steinbruch é brilhante em sua ideia: Michel Temer precisa fazer então aumento dos “Investimentos” e complementa: O dinheiro viria das “Concessões” e o governo complementaria…Os ajustes estão em curso.

O destacado empresário acredita então que as coisas podem ser feitas simultaneamente! O que pretendemos mostrar é que já tem sinalização governamental nesse sentido e prova provada é que há previsão de correção de rumos nos crescentes gastos correntes e que a ação proposta pelo empresário nos remete este problema ao enfrentamento de forma gradual. Seria a forma Keynesiana? Não podemos afirmar. Mas podemos acreditar que tanto isso é verdade que até os analistas estão questionando ou especulando assim como nós!

Há especulação e cobrança para uma definição de Meirelles e o homem está fechado em copas. Certamente que as duas coisas podem ser feitas juntas assim: Serão feitos os ajustes e sem deixar de realizar Investimentos, assim como é a ideia do dono da maior empresa brasileira e que se aproxima do pensamento Keynesiano.

Somos racionais e não radicais aproveitadores ou oportunistas para exacerbar questionamentos, tudo que poderia ser de pior para o Brasil e que a nova oposição já vem aprontando com certo exagero até nos organismos internacionais! Fato que abala a segurança jurídica tão necessária à atração de recursos de investidores. Será que vigora a volta do antigo e retrogrado: “Quanto pior melhor”! E nós pobres mortais como é que ficamos? No desemprego?

O governo se obriga a matar um boi por dia! Uma no cravo e outra na ferradura. Precisa agir com muita cautela e mais ou menos algo assim como caminhar no fio da navalha em que se

correr para um lado é certo politicamente falando e se correr para o outro é errado também politicamente falando.

Como se não bastasse o desafio de segurar a inflação, Michel Temer precisa turbinar o crescimento e trazer os empregos de volta. Um olho no peixe e outro no gato! Vejam a situação da economia internacional em que se diz já em processo de recuperação, mas que olhando para seu quadrado também trará concomitante aumento dos juros e levando nossos aplicadores e investidores em busca da segurança que alguns erroneamente descontroem mundo afora.

Especula-se que o aumento dos juros pelo Federal Reserve se dará até o final de 2016 e até lá o que espero é que já estejamos comemorando a retomada do crescimento ou senão alcançado o ponto de inflexão desses indicadores. A Inflação deixará de subir, o PIB deixará de cair e o tripé prometido pelo Presidente do BC seja realmente mantido.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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