O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa voltou a ser destaque na mídia e na opinião pública nacional depois de se filiar ao PSB com o objetivo de ser candidato a presidência em outubro. Jurista com atuação relevante na prisão de líderes do PT como José Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares, Barbosa tenta colar em si mesmo o adesivo da justiça, ou seja, tenta transparecer a imagem de um sujeito quer luta pela justiça acima de tudo. Neste período de crise política e social que estamos vivendo, esta opção pode agradar uma parcela significativa da população.
Suas posições enquanto ministro do STF podem muito bem compor o esqueleto de uma opção eleitoral de centro-esquerda. Sendo a favor do combate à desigualdade social e favorável às cotas , Barbosa se posicionou afirmando que ”Todas as vezes em que o Estado constatar que, em um determinado setor, há um problema grave de sub-representação de grupos minoritários – negros, outras minorias, mulheres –, esse dado estatístico deve ser levado em conta para a tomada de decisões, tendentes a solver, a corrigir essa anomalia”. Em uma linha voltada para a economia, o ex-ministro foi contra monopólios estatais o que poderia se configurar como uma posição mais ”liberal” em assuntos fiscais. De toda forma, o tema da desigualdade foi sempre mencionado por Barbosa em suas intervenções na corte.
Analisando este anúncio de candidatura, André Singer destacou em uma de suas recentes colunas no jornal Folha de SP que Joaquim Barbosa não representa determinados ideais presentes na sociedade brasileira, ao invés disso é o representante maior do ”Partido da Justiça” que teria como principal mote a retórica do combate à corrupção de uma maneira ”desenfreada” quase que de maneira irresponsável e ”tenentista”. No fundo o ”PJ’‘ teria como objetivo prático o desmonte dos grandes partidos, repetindo a realidade italiana pós operação mão limpas, que levou à vitória de Silvio Berlusconi.
Independente das criticas, Joaquim Barbosa pode muito bem surfar na onda da derrocada eleitoral da esquerda e conquistar os votos que seriam de Lula,‘‘roubando–os‘‘ de Ciro Gomes e Marina Silva. Como Singer destacou em sua coluna, por ser de origem pobre e negro o pré–candidato do PSB pode almejar ser um ‘‘novo Lula‘‘. Tendo em vista que Marina pouco aparece no calor dos grandes acontecimentos brasileiros, transmitindo uma imagem de oportunismo, e Ciro Gomes macula bastante a sua imagem com a sua retórica tresloucada e inconsequente, há uma boa possibilidade de isso acontecer.
Na realidade só iremos conferir nossas expectativas sobre a atuação do ex-ministro nos debates eleitorais e na campanha política oficial. Até lá a conjuntura pode se modificar bastante, mas é dever dos analistas continuar acompanhando a atuação desse forte candidato a chefe do Executivo e as consequências reais do ”Partido da Justiça” no sistema partidário nacional.