Agora, mais do que nunca, o governo deve apresentar medidas para o corte de gastos e aumento da receita. Essas medidas devem ser apresentadas o mais rápido possível para serem negociadas com o Congresso para que essas possam ser implementadas.
O desafio agora passa a ser o de evitar um novo rebaixamento. Pois, se esse acontecer, é o disparo para que muitos investidores institucionais externos tenham que diminuir ou até eliminar suas aplicações no Brasil, o que teria um impacto muito mais efetivo sobre o câmbio, a inflação e a estabilidade econômica.
As medidas que serão propostas deverão ser no sentido de melhorar a situação fiscal. Ou seja, mostrar como sairá de um orçamento deficitário para um superavitário. O País tem pouco tempo para agir, mas ele existe. O próprio ministro Levy já determinou: até o final de setembro as propostas já estarão elaboradas. Contudo, estas deverão focar mais na redução de gastos, dado que a implementação de novas receitas, com a criação de impostos, terá grande dificuldade junto ao Congresso.
Quanto à percepção das outras agências de risco, a Fitch deve dar o próximo passo no que se diz respeito ao rebaixamento do Brasil – sendo relevantes as chances de se manter o grau de investimento. Pois na Fitch, o Brasil está um degrau acima do grau de investimento. Se vier um downgrade, o grau de investimento ainda será preservado.
Já em relação à Moody’s, a sua avaliação pode demorar um pouco mais, dado que a última avaliação ocorreu no início de agosto e o Brasil está com perspectiva estável no primeiro nível do grau de investimento. E esta dá sinais de que deve esperar um pouco mais de tempo para tomar a decisão, esperando as novas medidas econômicas. Contudo, a situação é delicada, porque as agências não precisam necessariamente mudar a perspectiva para negativa antes de rebaixar.
Uma falsa esperança do governo, a meu ver, é que tem a percepção de que as agências não têm um “afã” de tirar o grau de investimento do Brasil.