GRÁFICO DA SUSTENTABILIDADE DO CASAMENTO – Aplicável a quaisquer relacionamentos do gênero (*)

I – Apresentação

A proposta deste trabalho consiste em ensinar a quem interessar possa a construção de um gráfico que evidencie, lato sensu, as inevitáveis variações do humor que perpassam todos os relacionamentos humanos – em especial, o que envolve o cotidiano conjugal, de qualquer matiz – e a função do elemento catalisador e catártico, capaz de dar-lhes a tão sonhada sustentabilidade.

 

II – Recursos materiais

Para a elaboração do gráfico, necessário se faz o uso do material a seguir relacionado:

  1. Uma folha de papel de cor branca, de qualquer marca, com estas características: tamanho: 210mm x 297mm (o famoso A4); gramatura: 90g/m² ou superior;
  2. Uma régua de, no mínimo, 30 centímetros;
  3. Um lápis de grafite nº 2;
  4. Um compasso médio;
  5. Lápis de cor (azul, verde, vermelho, laranja).

 

III – Instruções (como fazer)

Estenda, na posição vertical e sobre o tampo de sua mesa de trabalho, ou algo equivalente, a folha de papel A4.

Traceje, usando lápis e régua, na parte mais central do papel e com margens laterais de aproximadamente 3cm, uma reta em cujos pontos limítrofes haverá a marcação de início (pequeno traço vertical: |) e projeção (ponta de seta: >).

Insira, usando o compasso, sobre e sob a reta antes tracejada, de forma alternada, uma sequência de semicírculos de raios de aproximadamente 2cm, interligados, de que resultará uma estrutura serpenteada.

Cole, no espaço antecedente ao início da reta, uma imagem – retirada de jornal, revista, internet – de um casal de jovens enamorados. Ou desenhe-a, demonstrando, assim, uma de suas habilidades.

Escreva, no espaço após a ponta da seta, um oito deitado, ou seja, o símbolo do infinito ou, melhor dizendo, da expressão “ao infinito”.

Pinte os semicírculos na seguinte ordem, com as simbologias que se lhes referem:

  1. os sobre a reta, de verde (esperança; tempo bom e sem nebulosidades; expectativa de melhores dias) e/ou azul (bonança, tranquilidade; calmaria e prazer!);
  2. os sob a reta, de vermelho (crise profunda; tempo pesado, carrancudo; borrasca; maus presságios) e/ou laranja (crise passageira; ventos soprando em direção ao porto seguro; solução à vista).

A perspectiva recomendável será alcançada com a mescla de cores indicadoras de cada estágio – verde/azul e vermelho/laranja –, refletindo o grau de intensidade das ocorrências por elas simbolizadas.

 

IV – Interpretação

Os semicírculos significam as vivências e experiências do casal/atores da relação no curso de suas convivências cotidianas. As positivas, aquelas que nutrem e reforçam a relação, enfatizadas com cores que traduzem tranquilidade, entendimento, boas perspectivas. As negativas, aquelas que põem em risco a relação, ressaltadas com cores que simbolizam atritos, discórdias, discussões e rupturas.

A reta tem de ter um ponto de partida definido pelo casal/atores da relação (em que momento e de que forma eles entenderam que deviam conviver, conjugal ou amigavelmente) e deve sempre apontar para o futuro, para o infinito, sugerindo a desejada infinitude da relação (“Que seja infinito enquanto dure!”, como bem disse o “poetinha”¹). É o elemento CATALISADOR² das efetivas ações do casal/atores da relação e onde sempre se dá a CATARSE³.

Chamemo-la, pois, de AMOR. O mais nobre dos sentimentos. O mais divino dos sentimentos. E, como o homem – no sentido de indivíduo – se acha feito à imagem e semelhança de seu criador – Deus –, por que não lutar sempre por divinizar-se pelo amor.

A longevidade de uma relação, em especial a de natureza conjugal (de qualquer matiz, repito), depende, fundamentalmente, dessa tênue linha que perpassa todas as vivências em comum (convivências a dois ou a três), sempre distendida (tensão de opostos que convergem/ou devem convergir para o equilíbrio), sempre pulsante (movimento de atração/repulsa ou concordância/discordância entre seres vivos), cuja resistência – ou seria resiliência?! – vai-se construindo ao longo do tempo, forjada por vários fatores intrínsecos e extrínsecos ao próprio relacionamento.

Como é possível perceber, o relacionamento ideal mostra-se por demais complexo, exige muito sacrifício dos atores da relação, mas encerra uma experiência prazerosa, gratificante e de crescimento pessoal. É um bem de primeiríssima necessidade. É divino e bíblico, desde os tempos edênicos (quando Adão doou uma de suas costelas e recebeu sua eterna parceira: Eva. Que belo negócio!).

 

V – Conclusão

Proteja os seus relacionamentos interpessoais, blinde-os sempre que possível.

Reconheça no AMOR a possibilidade mais humana  – por que não dizer divina  – de manter, de forma plena e longeva, as suas relações – em especial a conjugal, de qualquer matiz.

Acredite, sempre, que o AMOR é capaz de arrefecer tensões, de cicatrizar arranhões, de oferecer as melhores soluções.

Evite que, no curso do tempo, desgastem-se os microscópicos elos construtores da linha imaginária com que aqui se simboliza o AMOR. Invista, sempre, no fortalecimento dos pequeninos – mas importantes – elementos garantidores de sua existência, de sua permanência na relação. Do contrário, a ruptura poderá ser o resultado catastrófico de seu esgarçamento, de seu enfraquecimento, de sua incurável anemia. E, aí, todo um projeto de vida poderá ser definitivamente interrompido. Será o caos.

Aceite um conselho: priorize o AMOR em todas as suas relações; deixe que ele presida todas as ações nelas ambientadas; conduza sua nau com a bússola sempre voltada para esse Norte. Certamente, você será feliz!

 

VI – Apêndice

É óbvio que o mundo não é tão redondo quanto parece.

É óbvio que as relações humanas não ocorrem com a regularidade demonstrada no gráfico proposto (ver item III). Tampouco, a intensidade se dá com a sinuosidade ali revelada. Embora seja defensável a simultaneidade nele refletida (céu/inferno/céu; bonança/tempestade/bonança; paz/discórdia/paz; beijos/arrufos/beijos).

Certamente, o seu gráfico terá a forma apropriada à sua atuação como ator/atriz de uma relação.

Lembre-se de que a ninguém cabe produzir felicidade; cumpre, sim, conquistá-la.

Conquiste a sua! Esmere-se por mantê-la! Ad infinitum.

 

Notas do autor:

¹ Vinícius de Moraes.

² Catalisador – substância química, aqui tomada de empréstimo para, metaforicamente, significar estímulo e motivação, elementos básicos para o desencadeamento do processo de aceleração da “química da vida”, ou seja, do “despertar para o ‘devir’”, ou para a mudança e transformação.

³ Catarse – “o estado de libertação psíquica que o ser humano vivencia quando consegue superar algum trauma como medo, opressão ou outra perturbação psíquica”; purgação, purificação; sublimação; em outros termos, o saber “perder ganhando”, que exige, fundamentalmente, a humildade, o respeito e a confiança.

 

(*) Texto postado pelo autor em 10 de julho de 2015, em página mantida no Facebook.

Francisco Luciano Gonçalves Moreira (Xykolu)

Graduado em Letras, ex-professor, servidor público federal aposentado.

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