A GERAÇÃO DOS INFORMAIS OU O DESFILE DO NONSENSE, por Danilo Ramalho

Ora, se a batina evangeliza a ausência dela faz o oposto, portanto. E mais: isso mostra o quanto a vestimenta/figurino pode gerar a construção de quem se é/deseja ser e como isso comunica muito para os outros, sobre quem somos e o que representamos ou podemos representar ao outro.

Pense em uma carreira e/ou na construção dela e peguemos as faculdades, ambientes por excelência para esta missão. Como os alunos se vestem? Bom, aqui, no Nordeste, os corredores e salas de aula são passarelas de gostos duvidosos – perdoe o eufemismo – e de uma ausência total de bom senso e até do uso surreal de peças de vestuários apropriados para praias e piscinas, sessões de fotos sensuais, práticas de exercício em academias e até para aqueles dias reservados para mexer concreto para encher laje, com os amigos, num sábado de sol (moradores da periferia sabem o que quero dizer com este último exemplo). Se você nunca encheu uma laje, não sabe o que está perdendo.

Esses alunos perdem, durante dois ou quatro anos (dependendo do curso) uma ótima oportunidade de causar impressão positiva àqueles que podem – e o fazem! – abrir portas para ascensão profissional, no caso, os professores. Muitos docentes estão inseridos no mundo corporativo, como gestores influentes, empresários ou mesmo detentores de uma fértil network.

Usar o figurino como estratégia de comunicação e de construção de carreira é algo possível a todos e que não requer muito investimento em moda. Requer, sim investimento em bom senso e crença naquilo que você é ou deseja ser. Requer também investimento de tempo para leitura de artigos como este.

Foi vista uma ótima lição de jovens seminaristas da Arquidiocese da cidade do Rio de Janeiro. Em um vagão de trem, todos (eram vários) vestidos de batina, atraiam olhares e pedidos de bênçãos, gerando um comentário óbvio de um destes futuros padres: “As pessoas ficaram surpresas demais. Começaram a filmar. Muita gente veio pedir bênção e orações. A batina evangeliza!”, concluiu Addae Vinícius.

Danilo Ramalho

Jornalista, Consultor e Professor na Academia da Palavra

Mais do autor

Danilo Ramalho

Jornalista, Consultor e Professor na Academia da Palavra