Fronteira do Investimento em mundo desacelerando

O Brasil pontifica em Davos com as esperanças do mundo econômico depositadas em nosso país. Todos os participantes do fórum deixaram suas boas impressões e admiração pela recuperação econômica e pelo sucesso das reformas que vêm sendo conduzidas, com vistas ao equilíbrio das contas públicas brasileiras. R$ 417,6 bilhões é o valor da redução esperada nas despesas de juros nos títulos representativos de nossa dívida com a simples redução da Selic.

O mercado espera a redução de 4,5% a.a. para 4,25% a.a. na próxima reunião do COPOM. Fato que aumentaria o tamanho da redução das despesas esperadas para os próximos quatro anos. Idêntica é a economia projetada para os próximos anos com a reforma da previdência com mais do dobro dessa importância e em números próximos de R$ 1 Trilhão. Esse clima nos permitirá também contar com a redução das taxas de rating para operações internacionais.

Quando se diz que vivemos um período de recuperação em mundo desacelerando, não se trata de previsão, mas de estatísticas de desempenho em anos recém encerrados. É possível projetar um número de 2,5% de crescimento para 2020, e, quando o ministro Paulo Guedes diz, de forma enfática, que o Brasil é “Fronteira do Investimento em mundo desacelerando”, não se pode criticar sua postura como de irresponsável frase de efeito, mas de um instrumental econômico.

Quem poderia contestar que os gigantes como Estados Unidos e China não aceitam ou não querem aceitar o encolhimento que uma conjuntura adversa vem-lhes ameaçando a hegemonia de poderio econômico além do poderio bélico. A economista Monica de Bolle, da Universidade Johns Hopkins, deixa muito explícita sua ideia em texto na Revista Época (número 1123) página 48, de que até os gigantes inflam e encolhem, mas erram na escolha do caminho protecionista.

O Brasil segue sua trajetória de busca de modernização da gestão e ao contrário do protecionismo defensivo de integrantes do G 7, promete abrir a economia e iniciar o processo de enquadramento nas regras de exigências da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (O C D E). As gestões no campo político estão avançadas, mas é preciso avançar bem mais e envidar esforços com confiança na nossa capacidade de trabalho.

Sabemos que outras nações vizinhas, a exemplo da Argentina (com indicação para o grupo da OCDE), não apresentaram disposição de promover as necessárias mudanças, exigidas pelos demais componentes, e que essa vacilação foi capaz de abrir uma oportunidade que não poderemos desperdiçar. Diferente da Argentina, o Brasil está com inflação sob controle e em níveis civilizados. Os juros igualmente propiciam a continuidade de políticas de investimentos.

A confiança é tanto maior quanto mais se firma um governo voltado para o saneamento das contas públicas e ao combate à corrupção. Essa percepção de confiança é responsável pela atração de investimentos, também em face da cobrada segurança jurídica pela OCDE. Como medida adicional o Banco Central promete estender o controle do BC aos valores próximos ou acima de R$ 10.000,00 com o apoio das instituições financeiras por ele supervisionadas.

Criou-se no Brasil um ambiente perfeito à atratividade de investidores que contam com a força das instituições democráticas, atuando com muita transparência e, com essa escolha, potencial de oferecer a transparência que os proprietários de capitais buscam para suas poupanças. Não vejo melhor oportunidade para juntar esforços dos poderes constituídos em torno de interesses públicos. Cabe aos empresários compreender o momento e ajudar o país nesse caminho.

Nossa recuperação econômica está em curso e é necessário garantir o aumento dos números apresentados, para que possamos consolidar o ingresso do Brasil no grupo dos desenvolvidos.

 

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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Haroldo Araujo

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