Podemos fazer um exercício de raciocínio para explicar as razões dessa alta no mundo inteiro. As avaliações da situação econômico-financeira de cada uma das nações, por parte dos investidores, nem sempre são embasadas em rigorosos demonstrativos contábeis As projeções são agravadas pelo histórico de suas dificuldades no passado e perspectivas atuais com ações especulativas em torno da capacidade dos governos para honrar seus compromissos.
Investidores desfazem suas aplicações para migrar. O caso da Argentina é patente e mostra a reversão das expectativas com a renovação do compromisso de US$ 27 bilhões. E porque renovou com facilidade? Renovou porque foi capaz de uma arriscada atuação no sentido de gerar a confiança de que teria por trás de seu governo o respaldo do FMI. Essa é uma das funções do FMI. Atuar como garantidor de crédito dos países que buscam esse apoio. Deu certo!
Podemos afirmar que a Argentina buscou esse caminho porque queria efetividade. O Brasil reage através de decisões do COPOM porque pode agir assim. Na reunião do dia 16.05, esse importante colegiado decidiu interromper a trajetória de queda dos juros. A decisão sinaliza uma reação à essa chamada fuga de investidores estrangeiros em busca de rentabilidade. São grandes investidores institucionais e com grande potencial de direcionamento de valores.
São grandes Fundos Internacionais com patrimônios que giram em torno de US$ 1 TRI. Não serão as operações de nenhum BC que serão capazes de enfrentar tamanho volume de valores. A cotação do dólar comercial alcançou o patamar de R$ 3,70 por dólar, apesar dos esforços para conter a escalada. Como se não bastasse a alta da moeda americana, outra alta a do barril do petróleo. Cotação máxima atingida há 4 anos elevando a gasolina para próximo de R$ 5,00.
Ainda podemos falar de situação confortável no Brasil? Sim. Nossa inflação está sob controle e os ajustes na nossa economia através da atual equipe econômica nos últimos 2 anos nos deixam livres de uma inflação de demanda. Há capacidade ociosa instalada. Podemos crescer sem inflação. Há muito espaço de manobra para os juros mantidos em 6,5% a.a. apesar do IBC BR (índice que serve como prévia do PIB) registrar um recuo de 0,13 % no primeiro trimestre.
As expectativas dos agentes econômicos eram de que a taxa cairia para 6,25% a.a. e isso gerou refazimento de posições no mercado de juros. Os juros futuros esperavam baixa para 6,25% e a manutenção em 6,5% fez com que os contratos BMF, com vencimentos para janeiro de 2019, subissem para 6,56%a.a. O mal estar dos agentes financeiros com a nova situação decorre da percepção de que internamente os amortecedores citados por Goldfajn não se confirmaram.
Retornamos nosso raciocínio ao tema deste artigo, em que destacamos o poder de fogo dos chamados fundos institucionais internacionais fazem movimentações descomunais. O fundo PIMCO é um dos principais gestores de aplicações em renda fixa no mundo, tem patrimônio acima de US$ 1 trilhão. O FUNDO citado não é o único que faz movimentações bilionárias nesse elevado patamar e redirecionam aplicações que estão em busca de maior rentabilidade Global.
Não se trata de especulação contra países ou moedas. Como disse: Temos sorte em ter promovido as alterações na situação brasileira, e isso tem sido um ótimo. Outo problema gira em torno de nossa situação fiscal. Esse é sim o nosso “Calcanhar de Aquiles”. É uma irresponsabilidade priorizar o processo eleitoral em detrimento da nossa economia. Um alerta recorrente de nossa parte.
Não é suficiente ter elevadas Reservas Cambiais contra essa escalada global inesperada do dólar. Precisamos agir com rapidez para arrumar as contas públicas. A desconfiança maior é FISCAL.