Trecho de crônica semanal do escritor Luis Fernando Veríssimo:
“…O debate acabou sendo entre a palavra e o grito. A palavra cheia de si dos juízes contra o grito de protesto das ruas.
Os juízes foram enfadonhos, mas meticulosos e didáticos, as ruas foram desorganizadas, desarticuladas e desafinadas.
Milhares andando e gritando nas ruas em favor de Lula não tiveram a loquacidade de três juízes nas suas cadeiras macias.
As palavras dos juízes abafaram os gritos da rua. Não era preciso nem levantar a voz. Foi covardia.
Não sei como costuma ser a liturgia em casos como o do julgamento do dia 24, mas imagino que os advogados de defesa participem das sessões para argumentar em favor dos seus clientes.
Argumentar, teoricamente, é tentar convencer, é esperar uma resposta, nem que seja por simples cordialidade.
Os juízes do dia 24 já tinham seus votos prontos e sincronizados…”