Em resposta a Jana: estou cansado de tanta mentira, por Capablanca

O almoço grátis é apenas mais uma mentira de interesse empresarial. A maior verdade que há no texto de Jana é que, sim, alguém sempre paga a conta. E são sempre os mesmos, eles são sempre os 99% restantes, o povo, a população, os mortais comuns. São aqueles que compram os produtos e serviços aos empresários. A mentira maior é que os empresários pagam os impostos: os impostos são repassados aos consumidores, devidamente embutidos nos preços dos produtos e serviços, portanto é o consumidor que paga impostos, a grande maioria deles. Só os produtores e prestadores de serviços têm essa possibilidade.

Warren Buffett, aquele norte-americano que tem uma fortuna de 51 bilhões de dólares, disse em alto e bom som: “Pago menos imposto que minha secretária. E isso não é justo”.

Os empresários cobram impostos do consumidor e apenas os repassam ao governo. O governo devia devolver os impostos à população sob a forma de serviços públicos gratuitos e de qualidade(educação, saúde, segurança e justiça) e boa infraestrutura (transporte, energia, comunicação). Entretanto, quase tudo já foi privatizado. O restante está a caminho, em passo acelerado por um presidente sem moral para dizer não a ninguém.

Além de privatizar serviços que deveriam ser públicos, gratuitos e de qualidade, os governos governam sob a influência do poder do dinheiro. Para ter uma ideia, metade do orçamento do Brasil vai para juros da dívida pública. Dívida pública é o mecanismo inventado há séculos para evitar qie os governos aumentem impostos (lembrem-se: os impostos, quando surgiram, surgiram para ser cobrados apenas dos mais ricos).

A outra verdade que há no texto de Jana é que negócios importantes estão sendo feitos à sombra das campanhas de combate à corrupção.São as “tenebrosas transações” de que falava Chico Buarque, que aconteciam enquanto “dormia a nossa pátria, tão distraída, sem perceber que era subtraída”.

O “mercado” (seriam eles os 70 mil superricos que ganham acima de 160 mil mensais?) decide o destino de um povo. E para eles, o futuro da nação não tem nada a ver com qualquer coisa além das reformas de seu interesse direto e imediato.

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.