EM DEFESA DA RESIDÊNCIA MÉDICA

A adoção de cotas para ingresso na residência médica consagraria a manutenção de privilégios inaceitáveis no plano da formação e especialização médicas.

A medida ampliaria perigosamente a natureza da exceção como instrumento seletivo para além da graduação e s transformaria em privilégio socialmente injusto.

Presume-se que os cinco anos de escolaridade no Curso de Medicina, após critérios alternativos para ingresso, terão sido bastantes para a recuperação de insuficiências identificadas no curso médio.

A correção da perpetração de desigualdades sociais no ensino médio não haverá de ser alcançada com a injustificada relativização dos padrões de exigência e de mérito para ingresso nos cursos de graduação da formação médica, muito menos na residência.

Se a classe médica não se dispuser a confrontar, pelos seus órgãos de classe, tais abusos, só restaria que os pacientes resistissem aos que se tornam médicos amparados por esses álibis perversos de proteção social.

Paulo Elpídio de Menezes Neto

Cientista político, exerceu o magistério na Universidade Federal do Ceará e participou da fundação da Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia, em 1968, sendo o seu primeiro diretor. Foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e reitor da UFC, no período de 1979/83. Exerceu os cargos de secretário da Educação Superior do Ministério da Educação, secretário da Educação do Estado do Ceará, secretário Nacional de Educação Básica e diretor do FNDE, do Ministério da Educação. Foi, por duas vezes, professor visitante da Universidade de Colônia, na Alemanha. É membro da Academia Brasileira de Educação. Tem vários livros publicados.