EDUCAÇÃO: O QUE FAZER COM TANTOS PALPITES?

Ingênuo pensar que Bolsonaro ou qualquer outro presidente poderia ter intervindo no MEC. Ele até tentou. Faltou-lhe, entretanto, força e competência. Não sabia como substituir um esquema ideológico por outro, o seu. De qualquer forma, não importa qual tentativa de redirecionar ideologicamente o INEP, a propósito, seria debalde. Como continua sendo.

Vivemos das exalações da pedagogia da libertação e das Revelações de Paulo Freyre.

Os “professores independentes” funcionam como um “coletivo” de forte influência ideológica sobre os mecanismos de formulação de políticas públicas na área da educação desde o primeiro Governo Lula. A máquina é autônoma, funciona motivada pelas bases, uma longa fungada ativista compartilhada pelo aparelhamento do sistema universitário, na área pública quanto privada.

O anúncio da criação de novos equipamentos de controle e avaliação do sistema, sob a forma de “agência controladora”, antecipa, bem a propósito, a estratégia perversa de modelar e aprovisionar-se de formas estruturais de coletivização ideológica da gestão do sistema da educação superior.

Ademais, as indicações de “porteira aberta” (a divisão de cargos entre a base aliada no Congresso e pela promissora indústria de partidos) para os cargos de assessoria, consultoria e administrativas, tornam a administração do MEC incontrolável. Ministros, secretários-gerais, secretários nacionais e uma miríade de pedagogos ativistas de várias bandeiras e lealdades distintas transformam o MEC um enorme “salão de espaços perdidos”. A mídia, cooptada em “consórcios” de opinião , às portas do erário, faz a sua parte, com a esperteza de outros tempos. Robertos Marinhos são, hoje, dispensáveis para mexer nesta panela de interesses. O capital, na empresa da mídia, uniu-se ao trabalho ideológico da redação. Marx não teria acreditado que essa transformação seria, de fato. possível em um sistema capitalista. É que ele não percebera do que os brasileiros seriam capazes..,

Isto é, o MEC transformou-se há tempos numa máquina controvertida de ideias atropeladas… Porém persistentes e duradouras,

Paulo Elpídio de Menezes Neto

Cientista político, exerceu o magistério na Universidade Federal do Ceará e participou da fundação da Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia, em 1968, sendo o seu primeiro diretor. Foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e reitor da UFC, no período de 1979/83. Exerceu os cargos de secretário da Educação Superior do Ministério da Educação, secretário da Educação do Estado do Ceará, secretário Nacional de Educação Básica e diretor do FNDE, do Ministério da Educação. Foi, por duas vezes, professor visitante da Universidade de Colônia, na Alemanha. É membro da Academia Brasileira de Educação. Tem vários livros publicados.

Mais do autor