Declarações da economista Maria da Conceição Tavares, ao receber homenagem, em evento recente:
“Não quero morrer triste como Celso Furtado”.
Aos 85 anos, ela afirmou que “não tinha a menor ideia do que ia ser a ditadura do capital financeiro que estamos vivendo hoje”. “São trilhões de dólares paralisados em funções especulativas, sem aplicação produtiva”. “E isso não é apenas uma crise de conjuntura”, sublinhou.
Sobre o momento vivido pelo país, a professora, que até o ano passado elogiava a estratégia certeira de desenvolvimento econômico e social dos governos do PT, lembrou a grave crise atual, puxada pela situação política, com o “estilhaçamento” de todos os partidos, em especial do PT e do PSDB. O PT, vítima de erros cometidos no passado recente, e o PSDB “enfurecido” no papel de oposição, “o que não ajuda o país”.
“Oposição raivosa como essa costuma dar em ditaduras, mas já não é provável a volta dos militares”, disse, observando, porém, que o momento lembra o que antecede rupturas assim, daí a necessidade de um “pacto” entre as forças políticas:
“Se não houver uma pactuação social ampla, não haverá possibilidade de conseguirmos passar por essa crise e serão muitos anos até conseguirmos induzir um projeto novo de desenvolvimento”.
Insistiu: “Precisamos reconstruir uma esperança para o futuro. Para se ter um futuro visível e razoável é preciso a pactuação. Os dois partidos protagonistas da ideia de social-democracia, PT e PSDB, deveriam conversar de forma civilizada.”