É preciso cuidado para não desviar o foco principal dos debates, por Haroldo Araújo

Os agentes econômicos sofrem com a inflação e mais ainda os assalariados. O governante se obriga a contê-la através dos juros porque não conta com a classe política nas proximidades das eleições. O atual governo passou dois ( 2) anos para sinalizar o fim da recessão! Agora imagine se tudo isso é implementado simultaneamente ao enfrentamento do elevado déficit público que parece cada vez mais desafiador .

Um difícil quadro econômico-financeiro que amargamos com medidas de austeridade e dolorosos cortes de despesas, junte-se a isso à queda dos empregos com números assustadores. Uma significativa parcela de brasileiros ainda não se deu conta de quem causou tamanha maldade e a troco de quê mesmo. O Brasil tinha pressa e os desempregados (trabalhadores) eram os mais atingidos. Os erros cometidos objetivavam proteger os trabalhadores.

Quanto oportunismo ao criticar as reformas que trariam de volta à nossa economia uma situação de normalidade como já se desenham em números recentes. Ainda nos assustam os números do setor de serviços, comércio ampliado e indústria. Estimativas para o PIB do primeiro trimestre de 2018 com base no IBC-BR (espécie de prévia do PIB) apontam para números inferiores a 0,7%. Essa prévia do PIB de JAN/2018 é 2,97% maior que JAN/2017, entendem?

O maior destaque é para a produção industrial que apresentou o maior recuo dos últimos 2 anos na data-base janeiro 2018 (2,4%) na comparação com dezembro /2017, portanto, muito recente. Destacávamos o volume de serviços com retração de 1,9% na mesma data-base janeiro/2018. Vale destacar que estes resultados foram os piores para janeiro nos últimos 6 anos. Uma advertência para o otimismo capaz de tirar a concentração e o foco das discussões.

O Banco Central poderá, com esses elementos, reduzir os juros para 6,5% a.a. porque se trata de uma inflação comportada de 3% a. a e situada abaixo do centro da meta. O CEO do Banco Itaú Dr. Cândido Bracher afirmou que: “Costumamos criticar o remédio, mas não discutimos os benefícios dele”. Fica explicado que os resultados adversos não são capazes de unir uma nação, então a recíproca pode ser verdadeira! Assim sendo os bons resultados nos unem.

Todos sabemos que as desigualdades sociais e regionais persistem, mas o que não podemos admitir é que essas adversidades sejam usadas demagogicamente em períodos eleitorais, como poderá acontecer agora em 2018. Eleições sucessivas e os candidatos se reelegem com propostas que nem os governos e empresas podem sustentar. São recorrentes as irresponsabilidades e elas têm sido as causas do sofrimento maior e da revolta popular.

Há décadas que os assalariados enfrentam a perda do poder de compra de seus salários com a insensibilidade política e a exploração da boa-fé de eleitores que acreditam estar obtendo conquistas, quando na realidade perdem as classes que são jogadas umas contra as outras a exemplo de patrões e empregados. Agora dá para perceber claramente que houve exploração exacerbada de criação de vantagens que nenhum negócio consegue pagar.

O recente abalo do povo brasileiro com a morte brutal de uma jovem, uma grande esperança na política, a vereadora Marielle Franco, em que o fato tem sido capaz de ajudar a desviar a atenção dos problemas nacionais. Tomara que não traga o problema da segurança para além dos problemas econômicos e financeiros. Vejam que a solução para tudo que se passa naquele estado tem foco na situação financeira. Não podemos desviar o foco dos debates em 2018!

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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