É preciso colocar um leme na nossa economia, por Haroldo Araújo

Uma nação deverá tomar medidas para oferecer segurança jurídica, além de estabilidade institucional e buscar manter suas finanças em equilíbrio para não afastar investidores, ao fazer suas escolhas. Sejam elas de aplicações financeiras em renda fixa ou em ações de nossas empresas. Todos observam parâmetros bem definidos por uma gestão pública equilibrada e com condições de avaliação de riscos. Cabe ao governo trabalhar no sentido de oferecer isso!

No Brasil não foram observadas, com responsabilidade, essas premissas para gerar atratividade em nossa economia. Ao contrário, tivemos uma política fiscal desprovida de aperfeiçoamentos que buscasse a estabilidade. Fomos pródigos em alterações pela via da intervenção na economia de forma que se promoviam mais déficits. Não eram propostas discutidas com a sociedade ou com o parlamento.

Um governante não tem o direito de alterar regras do setor econômico, a qualquer momento, por Decreto, ou outras formas sutis de contornar a Norma. Houve quebra da previsibilidade de modo a desorganizar o setor produtivo.  Qualquer país que tiver essa insensatez no poder, poderá transformar sua economia numa nau sem rumo, a exemplo de políticas que nos trouxeram a elevação da energia, afetando toda a cadeia produtiva, senão encarecendo-a.

Poucos se tocam no fato de que a acumulação de déficits pode provocar mudanças de outras políticas, como a do Banco Central para juros e câmbio e capazes de afetar a estabilidade monetária, trazendo junto a perda do poder de compra da moeda, e, por via de consequência, a confiança para a realização de investimentos no setor produtivo. Ninguém é desatento a ponto de não calcular riscos e fazer suas estimativas de retorno do capital a ser aplicado.

A economia de uma nação precisa estar assentada em governo que seja capaz de oferecer estabilidade ou busca da estabilidade, propondo criar oportunidades de crescimento através do fortalecimento das instituições democráticas e das finanças públicas. Vistas grossas para os sucessivos descumprimentos da meta do superávit primário, se juntavam à má vontade política no sentido de propor sacrifícios. Agora já não temos escolhas, senão no tamanho do “Ajuste!”.

A Coragem do atual presidente para enfrentar uma mudança na política econômica, vem da promessa eleitoral. Coragem para sinalizar aos agentes econômicos que não será o populista de plantão, como foram prósperos em sua pregação aqueles que amavam o poder. É preciso disposição de luta para enfrentar as viúvas do populismo. Muitos não conseguem entender que o Brasil ainda não se transformou numa nau sem rumo. O Brasil tem jeito, sim.

É preciso convencer os integrantes de alguns estados federados, um a um, que eles estão no mesmo barco que os demais estados e que o comandante do barco é o Presidente da República. Quem vai trazer os empregos de volta é a retaguarda de uma nação forte e soberana. Uma nação organizada de tal forma que volte a evitar a continuidade dos déficits orçamentários, única forma de atrair investimentos geradores de emprego, é assim.

Poder oferecer essa solvência pela estabilidade da moeda e previsibilidade dos negócios. Não haverá estabilidade econômica sem estabilidade monetária e não haverá estabilidade monetária numa nação que acumula déficits e desestimula o crescimento com a falta de competitividade pela elevada carga de impostos e encarecimento da mão-de-obra para os geradores de emprego.

Os juros não pagos se transformaram em bola de neve. Precisamos colocar um leme na economia e isso só se dará com as reformas, a começar pela Reforma da Previdência.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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Funcionário público aposentado.