Calderón de la Barca, no XVII barroco, diz pela boca de Segismundo: “A vida é sonho” – para o Hamleto espanhol…
Lorca, o fuzilado pelo franquismo, na meia-noite do século XX (agora já é alta madrugada), o lembra: “Despertai, senhora, despertai, que o ar chove pétalas no laranjal”. São as bodas de sangue do casamento entre o PC espanhol com o stalinismo russo e a armada franquista.
Armida e Rinaldo no jardim da ocupada Jerusalém… Um jovem garoto à beira do lago… A menina geométrica de Picasso! Se não fosse esse povo onírico, a vida não teria sentido algum… Mas, não se esqueça: “Despertai, senhora, despertai, que o ar chove pétalas no laranjal”.
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Nos teus olhos habitam dois sóis.
Nos meus sonhos habitam teus olhos,
e uma lua, que sou,
a alumiar com luz serena
a noite na terra dos homens.
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Bandeira disse,
os corpos é que se entendem;
as almas, incomunicáveis,
só se entendem mesmo com Deus.
Meu corpo e lembrança, hoje,
anda seu.
Silêncio e quietude num abraço
no quarto.
Meu corpo queria Deus,
e minha alma encontrá-lo
num fragmento teu.