A decisão tucana, por Gilvan Mendes

 

O jornal O POVO da última quinta-feira (11) traz uma reportagem interessante sobre a pressão interna que o governador de São Paulo Geraldo Alckmin tem sofrido por parte das lideranças do seu partido para crescer nas pesquisas para a presidência. O tucano não é visto como uma boa opção para governar o Brasil nesse período de crise política, e o seu envolvimento na operação lava-jato, além das denúncias de cartel feitas contra a sua administração, desconstroem a imagem de honestidade que sem dúvidas os tucanos querem vender para as eleições. FHC cogitou apoiar um nome fora do partido, provavelmente para transmitir uma imagem de renovação para o país. 

Essa conjuntura, só mostra a fraqueza política do PSDB. A sigla, que começou com ares modernos, se transformou em uma organização sem convicções, de ”aluguel” e que depende unicamente dos seus quadros partidários para respirar politicamente. Como na atual conjuntura maioria dessas figuras estão com as suas imagens desgastadas, o partido apresenta dificuldades, abrindo espaço para sujeitos como Jair Bolsonaro ocupar o vácuo da centro-direita, deixando de lado qualquer ideia moderada e equilibrada para apostar na irracionalidade reacionária que só ele consegue representar tão bem.  

Por mais difícil que possa ser acreditar nisso, o PSDB ainda pode ter um papel positivo para o Brasil, se deixar de lado o seu famigerado oportunismo eleitoral e aglutinar setores de centro-esquerda ou mesmo de centro-direita. Nessa realidade atual repleta de extremos, buscar apoio nos moderados pode ser uma boa alternativa. Partidos como REDE e PV no lado progressista e  PSC no lado conservador  buscam essa posição, mas nenhum deles tem a força institucional e a adesão nas classes médias dos tucanos,nem mesmo a trajetória política. Se tomar o rumo certo buscando renovação e transparência, o PSDB pode contribuir de forma decisiva para as mudanças necessárias na democracia brasileira, mostrando o que quer e o que pensa de forma consistente e objetiva. Para isso ocorrer, sem dúvida nenhuma é necessário deixar de lado figuras tenebrosas como Aécio Neves e diminuir o ímpeto aventureiro de João Dória. Em resumo, é obrigatória uma reformulação completa do partido.

Se isso não acontecer é melhor torcer para que o Luciano Huck aceite ser o suposto candidato ”outsider” da sigla.

Gilvan Mendes Ferreira

Cientista social graduado pelo Universidade Estadual do Ceará-UECE, com interesse nas áreas de Teoria Política , Democracia e Partidos Políticos.