Cumprimento de uma missão institucional, por Haroldo Araújo

Órgãos institucionais têm sua missão e atribuições bem definidas na forma da Lei e dela não poderão se afastar. A crise atual não será gerida somente pelo governo brasileiro. O governo conta com o empenho e a força de suas instituições de um modo geral. No campo econômico-financeiro, por exemplo, o governo atual sabe que há uma retaguarda capaz de sustentar as definições contidas na Política Econômica a ser conduzida.

A força de nossa economia não está concentrada em ações governamentais isoladamente, porque há uma importante participação de Órgãos como o Banco Central que direciona suas ações com vistas à estabilidade de nossa moeda e, em última instância, a estabilidade econômica. Através de um sistema financeiro sadio e normatizado, os agentes econômicos podem realizar as escolhas propícias à criação de um ambiente favorável ao crescimento.

O Banco Central elevou os juros com o recrudescimento da inflação no início do segundo mandato de Dilma. No governo Temer promoveu a baixa dos juros para conter a queda do crescimento da economia. Em nenhum momento se viu confronto com o governo que dirige o país, mas sim uma força a mais. Uma das alavancas para a obtenção de resultados satisfatórios é o fiel cumprimento das Normas emanadas pelo CMN presidido pelo Ministro da Fazenda.

Cabe sim a pergunta: Por que em 2019, se vislumbra uma mudança de rota na evolução das taxas de juros? É preciso esclarecer que, por mais poderoso que seja um chefe de estado, os governos precisam de respaldo (força) para se contrapor às crises. As nações contam com os necessários instrumentos para enfrentá-las. Afirmo com segurança que uma das melhores armas para esse combate está na atuação firme de seus Bancos Centrais.

O crescimento dos mercados emergentes em 2017 estava amparado em dólar não pressionado, commodities com preços ainda vantajosos, tudo junto permitindo condições favoráveis aos emergentes. A roda girou e agora a situação se inverte! Um dólar pressionado pelo provável fim da política do BCE (Banco Central Europeu) em concomitância à idêntica política do FED (Federal Reserve-BC dos EUA). Para esclarecer: O fim das políticas de afrouxamento monetário!

Os EUA estão preocupados com a inflação e acabaram com o afrouxamento e agora apertam. São razões que apontam para os riscos dos mercados emergentes! Os emergentes estão mais vulneráveis neste ano de 2018? É muito difícil realizar a previsão de cenários, quando um país que muda de rota, sendo este país o detentor da moeda de reserva da maioria das nações e resolve abandonar uma política de combate ao protecionismo e passa a comandar guerras comerciais.

A ação do Banco Central do Brasil precisa ser compreendida como uma ação idêntica à que foi adotada pelos grandes Bancos Centrais BCE e FED? É aqui onde reside a preocupação dos cenários futuros. Faço um exercício de raciocínio: Suponha que o Presidente dos EUA não fosse OBAMA e fosse TRUMP o que aconteceria? As chamadas QEs teriam sido implementadas da mesma forma? Sim. Por que? Porque o FED é independente e os EUA estavam na crise.

A diferença entre o FED e o Banco Central do Brasil é imensa se considerado o poder de atuação de um BC-EUA que é detentor da moeda de reserva de outras nações e que teve o poder de controlar uma crise como a de 2008/2009. O que não se deve deixar de considerar que as ações de nosso BC, no momento, nas transações de SWAPS (futuros) são sim um instrumento institucional com vistas à estabilidade da moeda. Da economia vem depois.

O cumprimento de uma missão institucional está em curso.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.