Brexit : Toda separação é dolorosa, por Haroldo Araújo

A saída do Reino Unido [Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) da União Europeia foi vitória apertada de plebiscito em que o grupo vencedor foi o BREXIT (British Exit) ou saída Britânica de forma que já deixa pelo menos uma vítima: David Cameron (primeiro Ministro). Quem mandou ele apadrinhar um plebiscito que sabemos muito bem aqui no Brasil por experiência: Cabeça de juiz e urna eleitoral terão sempre resultados inesperados.

Não acho que uma União que já vem de mais de duas décadas deveria ser decidida da forma que foi. Comparo à escolha de tão importante decisão por plebiscito à um cara ou coroa para mando de campo. Um juiz pergunta quem quer cara e quem quer coroa e joga a moeda para cima, pode? Ah o povo é soberano! Pois é, mas tão importante decisão não pode ser plebiscitária, por que? Porque não se trata de ter alternativas igualmente válidas, como se o caso coubesse escolha.

E por que razão eu acho que não cabe escolha? Porque admitir que um continente que foi comandado por governantes ditatoriais e que tais governantes não foram capazes de entender que as guerras entre as nações europeias dominou os anos trinta, quarenta e cinquenta e tal fato foi pouco construtivo, deve ser guardado na memória de todos e nunca esquecido pelo mal que fez (também).

O tratado de Maastricht foi assinado em 1992 como uma tentativa de unir os povos europeus (principalmente). Esse povo foi massacrado por duas grandes GUERRAS. Detesto “Xenofobia” e abomino discriminações de qualquer espécie ou repetição das barbáries que deram origem às civilizações. Então a guerra está descartada! Todos sabemos que não há espaço para ela, mas volta dos extremistas não está, mais ainda agora.

Em tempos de pouca farinha, pirão! Primeiro o meu. Inacreditável tentar manter linhas divisórias entre nações irmãs. Aqui faço uma rememoração à obra prima de John Lennon: “Imagine”. Não abro espaço para ideologias no campo da crise humanitária que a Europa está enfrentando, a exemplo das correntes migratórias fugindo da guerra dos invasores (sic) da Síria. As imagens de uma criança na praia correram o mundo.

Evidente que se trata de uma volta dos pensamentos retrógrados a exemplo de saudosistas do muro de Berlim (apenas uma analogia distante). Nós acreditávamos que o fim da bipolaridade e da guerra fria e da queda do muro, haviam sepultado tais pensamentos e que o mundo não voltaria ao que era. Cameron pisou na bola, por que? Certas decisões não podem ser assim colocadas. E por que? Porque as duas decisões (Leave e Remain) não são uma alternativa da outra.

O que há de errado nesse plebiscito? Errado sim porque a questão não é tão somente a econômica e sim uma evolução a ser observada. Certamente que os desdobramentos econômicos são muito significativos para toda a Europa e para o resto do mundo, haja vista os resultados imediatos como a queda em efeito dominó de todas as bolsas do mundo.

Concordo que ainda há muita água para correr debaixo dessa ponte que tentam derrubar! Que ponte? Uma ponte para o futuro que já não sabemos qual será, se confirmadas as tendências separatistas.

Outra explicação, mas que não se justifica! O grande conservadorismo do povo “Britânico”! Vejam que a moeda (LIBRA) está fortemente arraigada na INGLATERRA. para dar curso forte ao EURO, diferentemente do ocorrido com outras grandes nações com o a Alemanha, França, Itália, Holanda, Portugal, Bélgica, Áustria, Finlândia, Espanha, e etc.

No curto prazo será doloroso sim, mas a médio prazo as coisas irão se ajustando. A Inglaterra de Elisabeth II ainda está presa ao forte conservadorismo que domina a cultura de seu povo, quem sabe ao longo de mais 2 (dois) anos pensarão melhor. A dor ensina a gemer, mas uma sábia decisão é esperança de que uma visão estratégica lhes permita ver o futuro de tendência à globalização.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.