Bilionários franceses investem em veículos de mídia em busca de prestígio e influência

O jornalismo honesto existe na França, ainda. Os jornais defendem um mundo de ideias, ideologias de esquerda ou de direita, sem deformar a realidade, sem caluniar ou publicar inverdades. Podem silenciar o que não interessa enfatizar, mas mesmo os de direita não ousam caluniar ou inventar falsos escândalos. A lei é severa e a Justiça atenta na punição dos infratores.

A diversidade da imprensa francesa é tal que quando se vê uma pessoa lendo um jornal pode-se avaliar mais ou menos suas inclinações políticas dentro do espectro esquerda-direita, passando até mesmo pelos extremos. Todos estão representados no panorama geral da mídia. Isso sem contar os sites com versões exclusivamente online como o prestigioso jornal de esquerda Mediapart, fundado pelo ex-diretor da redação do Le Monde, Edwy Plenel. Os grandes furos do site e matérias exclusivas são suitados quase diariamente pelos grandes jornais. Mediapart tem uma redação de ex-jornalistas do Le Monde e de Libération e se financia apenas das mais de cem mil assinaturas que conquistou em poucos anos de existência. Daí sua total independência e seu slogan: “Nosso compromisso é unicamente com o leitor”.

O maior representante dessa galáxia de bilionários que foram pouco a pouco, desde a década de 80, chegando ao mundo da comunicação é o bilionário Vincent Bolloré, magnata do setor de construção civil e de um conglomerado internacional com interesses nas áreas de energia e vinho, entre outras. Hoje, Bolloré detém o maior grupo de comunicação privado (5,45 bilhões de euros de lucros anuais só nessa área). Ele é dono do grupo Canal , entre outros inúmeros canais de televisão, e foi em seu iate que Sarkozy descansou da vitoriosa campanha eleitoral de 2007. Essa foi, entre outras, uma das causas que o levou a ser chamado pelos adversários de “presidente dos ricos”. Vale dizer que Sarkozy não desmentiu nos atos o epíteto e fez leis para favorecer o bolso dos empresários.

Alguns analistas dizem que as recentes compras de jornais e empresas de mídia por alguns dos homens mais ricos da França já é uma preparação para uma cobertura mais favorável a Sarkozy na campanha que o “amigo dos ricos” pretende fazer, em 2017, contra o socialista e provável candidato François Hollande. Isso se ele conseguir ganhar de Alain Juppé nas primárias no partido de direita Les Républicains, ex-UMP.

Trecho de texto de autoria de Leneide Duarte-Plon  (jornalista, trabalha em Paris e co-autora, com Clarisse Meireles, da biografia de frei Tito de Alencar, Um homem torturado-Nos passos de frei Tito de Alencar) publicado na íntegra em www.cartamaior.com.br.

segundaopinião

SEGUNDA OPINIÃO é um espaço aberto à análise política criado em 2012. Nossa matéria prima é a opinião política. Nosso objetivo é contribuir para uma sociedade mais livre e mais mais justa. Nosso público alvo é o cidadão que busca manter uma consciência crítica. Nossos colaboradores são intelectuais, executivos e profissionais liberais formadores de opinião.

Mais do autor

segundaopinião

SEGUNDA OPINIÃO é um espaço aberto à análise política criado em 2012. Nossa matéria prima é a opinião política. Nosso objetivo é contribuir para uma sociedade mais livre e mais mais justa. Nosso público alvo é o cidadão que busca manter uma consciência crítica. Nossos colaboradores são intelectuais, executivos e profissionais liberais formadores de opinião.