A beleza e a feiura

A beleza é algo que se torna sensível desde a primeira percepção; intuindo-a, a alma a revela; e, reconhecendo-a, a acolhe, por assim dizer, acostando-se a ela. Se, ao contrário, a alma depara com a feiura, reluta e rejeita-a.

 

O HOMEM:

 

Plotino nasceu em Alexandria, no Egito em 205 e morreu em 270 d.C. O que se tem hoje do pensamento de Plotino foi um apanhado de suas notas de aula por seu discípulo Porfírio. Ao morrer, Plotino disse as seguintes últimas palavras: “Procurai sempre conjugar o divino que há em vós com o divino que há no universo”.

 

CIRCUNSTÂNCIAS:

 

Foi o fundador do Neoplatonismo, doutrina fundada nos ensinamentos de Platão, na influência das religiões orientais e na Igreja Cristã, mas era uma espécie de monoteísmo pagão: Deus (ou o Único, que dava vida às almas) é um mistério acima e além da compreensão humana, insondável. Era uma atualização e uma divinização do mundo das Ideias concebido por Platão.O Neoplatonismo vai ser a base sobre a qual Santo Agostinho, um século depois, vai buscar conciliar razão e fé, filosofia e teologia.

 

A IDEIA:

 

Leia Plotino, introduzindo uma discussão sobre a origem divina da beleza e a rejeição à feiura:

 

“… A beleza no seu grau mais elevado encontra-se no âmbito da visão, e também no da audição e de qualquer gênero de música; e, de fato, cantos e ritmos são belos. Além disso, para além e acima da sensação, encontraremos a beleza nos costumes, nas ações, nos modos de ser, na ciência e na virtude.

 

…Existe alguma coisa anterior a essas coisas belas? Eis o objeto da nossa demonstração. Qual é propriamente a causa que torna belos os corpos aos olhos e faz com que a audição permita reconhecer que certos sons são belos? Por que as coisas que se ligam diretamente à alma são todas belas? O princípio da beleza é único e idêntico em todas as coisas ou existe uma beleza própria dos corpos e outra própria das coisas? Se forem dois princípios, quais são? Se for um, qual é?

 

…De fato, algumas coisas são belas, como os corpos, não em razão do próprio sujeito, mas por participação; outras coisas, ao contrário, são belas em si mesmas, como a natureza da virtude. Os corpos? Não vedes que os mesmos corpos aparecem às vezes belos e às vezes não? É o mesmo que dizer que ser corpo é uma coisa, ser belo é coisa bem diferente. Mas, então, qual é esse princípio que está presente nos corpos? Eis o primeiro objeto de nossa investigação sobre o tema.

 

…O que, na realidade, atrai o olhar do espectador, faz-lhe virar a cabeça e arrebata-o no encantamento da visão? Se descobrirmos esse princípio, talvez possamos utilizá-lo como escala para chegar a outras visões da beleza. Retomemos, então, o princípio, determinando, em primeiro lugar, o que é a beleza dos corpos.

 

… A beleza é algo que se torna sensível desde a primeira percepção; intuindo-a, a alma a revela; e, reconhecendo-a, a acolhe, por assim dizer, acostando-se a ela. Se, ao contrário, a alma depara com a feiura, reluta e rejeita-a, fugindo por não senti-la em harmonia consigo mesma, mas quase como uma estranha…”

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SEGUNDA OPINIÃO é um espaço aberto à análise política criado em 2012. Nossa matéria prima é a opinião política. Nosso objetivo é contribuir para uma sociedade mais livre e mais mais justa. Nosso público alvo é o cidadão que busca manter uma consciência crítica. Nossos colaboradores são intelectuais, executivos e profissionais liberais formadores de opinião.

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