Basta de xurumelas. É hora de apoiar e esperar, por Luis Eduardo Barros

A Presidente foi afastada. Para tristeza de alguns e alegria para muitos. O Vice-Presidente, eleito pelo povo para substituir a Presidente em situações previstas na Constituição, assumiu a presidência interina. Permanecerá como interino até que o julgamento final pelo Senado confirme ou não o impedimento da Presidente. Esses são os fatos políticos, não adiantam mais as xurumelas.

No plano da realidade econômica, a depressão continua, o desemprego aumenta, a falta de credibilidade adia as compras e investimentos. São urgentes reformas, muitas delas aprovadas pelo Parlamento, para destravar a economia e podermos esperar algo melhor a médio prazo.

Nesse contexto, o ministério apresentado pelo Presidente Interino pareceu-me fraco quando notáveis eram esperados. Contudo, inclusive por incluir ex-ministros de governos anteriores, parece mostrar a densidade eleitoral indispensável para conquistar o apoio do Parlamento. E, forçoso é reconhecer, no entanto, que um ministério de notáveis poderia sinalizar um futuro melhor, se conseguisse o apoio do Parlamento brasileiro, que continua o mesmo de sempre, portanto poderia ser inútil. Entendo que o ministério proposto tem mais condições de aprovar as propostas do novo governo.

Aprovadas as reformas básicas e, não é indispensável que todas sejam aprovadas, desde que sejam aprovadas mediadas que restabeleçam a confiança dos investidores, a economia começará a reagir. A partir daí uma coisa ajuda a outra e o resto se torna mais factível.

Isto posto, entendo que é hora de pararmos com as xurumelas. Seria bom ter ministros cearenses, mas isso não é indispensável, desde que a credibilidade retorne e nosso estado receba a atenção necessária. Seria bom não termos ministros indiciados na Lava Jato. Mas, diante da realidade política brasileira e da necessidade inadiável de aprovação parlamentar, outros ministros seriam mais eficazes? Será indispensável o corte de despesas públicas, acredito que todos concordem. Mas, o Meireles me parece com razão ao afirmar que as despesas sociais devem ser preservadas e o foco inicial deve ser nas demais despesas públicas. É hora de agregar o máximo possível de apoio ao programa proposto e, principalmente, de diminuir a propensão popular em favor dos afastados.

É hora de apoiar o programa proposto e esperar, com paciência, que os resultados comecem a aparecer o mais breve possível. Isto por que nada será imediato. Todas as medidas capazes de reverter a situação, exigirão algum tempo para sua formulação, aprovação e implementação. Não podemos ser derrotados pela impaciência e descrença habituais. Se a maioria dos brasileiros permanecer apoiando o novo governo, acredito que em poucos meses começaremos a esquecer as agruras econômicas dos últimos anos.

Luís Eduardo Fontenelle Barros

Economista e consultor empresarial.

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Economista e consultor empresarial.