Em meados da década de 40 e por toda a década de 50, pretos, putas e pobres, conhecidos como PPP, eram terrivelmente discriminados. Nos discursos políticos ouviam-se insultos do tipo: não votem em candidato tal, porque ele não gosta de PPP, referindo-se a essas três categorias.
Os LGBTIs ainda estavam nos armários ou nos baús, escondidos e com razão. O atraso cultural era grande e a discriminação ainda maior.
Os ricos, quando sentiam que um filho ou uma filha apresentava tendência homossexual, mandavam estudar na Europa onde os preconceitos não existiam ou eram menos exacerbados.
Conta-se que um poderoso fazendeiro mandou um filho para estudar em Paris. Cinco anos depois o garoto anunciou sua visita aos pais que o recepcionaram com uma grande festa. O maior e melhor boi zebu da fazenda foi sacrificado para que não faltasse carne no churrasco para os amigos coroneis e seus capangas da região, todos “muito machos”, com bacamartes num lado da cintura e facas no outro.
Depois de tomarem muita cerveja e conhaque, o anfitrião fez um discurso de boas vindas ao amado filho e convidou a todos para acompanhá-lo, enquanto mostrava as recentes reformas na fazenda ao letrado rebento.
Num dado instante, o rapaz, com gestos refinados e a voz já com o timbre bem destoante do sotaque da região, pediu que todos parassem que ele queria fazer pipi. Sim, pi-pi!
Boquiabertos, os coroneis entreolhavam-se espantados, enquanto o garoto, com passos miúdos e saltitantes, distanciava-se um pouco.
Observando aquele quadro, o pai decepcionado e enraivecido, tirou a arma da cintura, empunhou-a e gritou firme e forte:
– MEU FILHO, SE VOCÊ SE ACOCORAR, EU ATIRO.
Hoje, preconceitos ainda existem para pretos e pobres, mas se você é gay ou tem um filho gay, não precisa mais esconder-se; pode desfilar e ser aplaudido pelas avenidas brasileiras. Quem censurar, deve ser um gay enrustido que ainda está negando a sua essência e está recalcado.
Quanto às putas (o que é puta?), é uma categoria chic que também já está livre ou quase livre da discriminação.
Pretos e pobres continuam sob os olhares inconstitucionais do Estado e da burguesia que os atacam, subjugam, exploram e matam através de seus aparelhos criminosos.
Vejam o balanço sucinto de uma ação policial em uma favela e num bairro rico:
JACAREZINHO, 6 fuzis, 25 pobres mortos; VIVENDAS DA BARRA, 117 fuzis, 0 ricos mortos.
Até quando, meu Deus?! Democracia, levanta-te !!!