Um episódio cômico em meio à tomada do poder, em 1964.
Preocupados em “explicar” a “revolução” às nações amigas, o Comando revolucionário designou dois políticos, com aparência de democratas”, e os enviou mundo afora a dizer maus comentários sobre os riscos da democracia.
Lacerda foi para Paris,Ademar de Barros para os Estados Unidos.
Nos States, ninguém sabe exatamente o que foi dito ao Tio Sam. Nem precisava: o Tio sabe sempre tudo sobre qualquer coisa.
Em Paris, o lance foi mais movimentado e interessante.
Jornalista, Lacerda pegou os coleguinhas franceses logo em Orly. E concedeu uma entrevista, expressando-se em francês fluente, melhor, segundo as fofocas, do que o francês do marechal Castelo Branco.
Com outros brasileiros, estudantes em Paris, ávidos de notícias sobre a “revolução”, fui testemunha dos fatos e das falas e encantamo-nos com a comicidade do evento…
Lá pelas tantas, Lacerda foi encarado por um repórter do Le Monde:
“ É verdade que as revoluções no Brasil não derramam sangue, são pacíficas — e democráticas ?”
E Lacerda:
“ É, sim, como na França, nas noites de núpcias, com noivas virgens ao leito, não há derramamento de sangue sobre os lençóis”…
[Nota de interesse público: por aqueles tempos as moças casavam-se virgens, costume que caiu em desuso]
Evoluímos de tal modo nas estratégias revolucionárias que pareceu a velhos estrategistas perfeitamente viável e conveniente organizar um golpe — mediante uma minuta… Ou pela Internet.
Há quem pretenda cometê-los, entretanto, conforme fórmula juridicamente perfeita: emendando a Constituição …