A mentira da Lava Jato, examinada isoladamente a sua relação custo-benefício em termos quantitativos, contados os seus efeitos perversos sobre a economia brasileira, considerados apenas os mais imediatos e diretos de forma rigorosa, provocou perda de quatro milhões e quatrocentos mil empregos diretos e perdas de arrecadação que montam a cento e setenta e dois bilhões de reais, segundo estudos do Dieese – Departamento Intersindical de Estudos Estatísticos.
A mentira da motivação (“a maior tragédia econômica da história do Brasil“, isso dito em 2014) para o impeachment teve que ser inventada e ampliada para que houvesse razões econômicas e mensagens ás ruas. Foi implantado e cevado um superjornalismo de catastrofismo e emergência que efetivamente contaminou empresários e consumidores. Fez-se o impedimento por pedalada. O preço foi além da queda do PIB e da perda de renda de trabalhadores e de empresários em 2015 e 2016, quebrou-se a confiança, destamparam-se os esgotos.
A mentira do suborno ao ex-presidente com um apartamento meio fuleiro e um sítiozinho desarticulou, a partir de 2016, inicialmente a esquerda do espectro político, depois a própria política, na medida em que, depois disso, em nada e em ninguém se poderia acreditar na vida pública.
A mentira de uma justiça pura, bem intencionada e saneadora de todo o mal, colocando os ricos e poderosos na cadeia e deixando-os mofar, destruiu qualquer possibilidade de confiar nos políticos e nos empresários. A dita justiça descontrolada transformou todos em criminosos, hipócritas, mentirosos, inimigos do povo, inimigos da nação. A Constituição e as leis foram solenemente rasgadas, este, sim, o maior dos crimes.
A mentira de um jornalismo de campanha, apaixonado, fingindo de indignado e cheio de ódio, incapaz de ser minimamente imparcial, evangelizador, construiu e consolidou uma ideia de país à beira do abismo, sem lei, sem história, envenenou a opinião pública, talvez de forma irreversível, contra o bom senso, contra o equilíbrio. Todos os monstros saíram dos armários.
A mentira do falso consenso do caminho estratégico para a economia do país é difícil de ter seus efeitos mensurados. O falso e furado projeto liberal, as privatizações apressadas e as reformas rasas e fanáticas apenas justificam uma agenda de tenebrosas transações que podem estar sendo feitas à sombra e usam para um país imenso, complexo como o Brasil, como diagnóstico e como solução, apenas a questão fiscal.
A mentira do serviço público superdimensionado, inflado, corrupto e preguiçoso, que é o culpado de todo privilégio, de todo abuso, de todo excesso. Observe que a pandemia já tem um ano, o serviço público de saúde atuando quase na base do heroísmo e nada muda. A mentira continua.
A mentira de que a Petrobrás quebrou. Não quebrou. A Petrobrás foi devastada por uma onda gigantesca de mentiras para encobrir o brilho solar de uma descoberta que fez (ou faria) do Brasil um país rico. Sim, uma descoberta de minas no valor de trilhões de dólares, dois a cinco trilhões de dólares, a depender da cotação do barril nas bolsas de comoditties.
A mentira de que temos um jornalismo de qualidade, profissional, isento e independente. Não temos.
A mentira de que os políticos (sim, assim mesmo, vagamente) são os culpados dos problemas da população e que a política (sim, assim mesmo, vagamente) é um jogo de mentiras, de roubalheira e de bandidos. Pense apenas em quem deve ocupar o lugar dos políticos e o que se põe no lugar da política.