A partir da leitura do texto “A força da imaginação“, do confrade Rui Leitão, cronista prolífero que, diariamente, nos brinda com uma crônica bem elaborada dentro dos princípios da imaginação e da lógica que dela advém, tento fazer uma associação entre a imaginação e o ato de raciocinar.
O raciocínio pode ser lógico, quando se tem elementos para associar eventos e elaborar um pensamento ordenado para execução, e pode ser ilógico, quando imaginar pode ser apenas descansar o logos e agir de forma solta, livre de uma organização para materialidade. Os poetas, ficcionistas e cientistas usam a imaginação criadora, potencialmente exequível, porque antes, existe de forma conceitual no espaço lógico da mente. Imaginar sem conhecimento é devaneio. O devaneio dura o tempo em que está em movimento na mente, logo se perde quando a realidade assalta o pensamento de repente. É por isso que a imaginação criativa deve ter como precedente o conhecimento, mesmo que empírico da realidade.
Tanto Platão como Einstein pensaram e formularam teorias com base num raciocínio lógico que foi revestido pela subjetividade da imaginação. Imaginação pode ser só um descanso da mente e ser inoperante como fator que impulsione o homem para criar. Uma espécie de sossego que paralisa e acalma, causando o freio do ímpeto criativo comum aos que não saem da ideia para o conceito.
Por isso, escrevemos. Tiramos a imaginação do campo da inércia para o campo da probabilidade, da projeção, da possibilidade. É daí que surgem a Literatura, a Filosofia, a Ciência experimental.
CARLOS GILDEMAR PONTES - Fortaleza–CE. Escritor. Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Doutor e Mestre em Letras UERN. Graduado em Letras UFC. Membro da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Foi traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Tem 26 livros publicados, dentre os quais Metafísica das partes, 1991 – Poesia; O olhar de Narciso. (Prêmio Ceará de Literatura), 1995 – Poesia; O silêncio, 1996. (Infantil); A miragem do espelho, 1998. (Prêmio Novos Autores Paraibanos) – Conto; Super Dicionário de Cearensês, 2000; Os gestos do amor, 2004 – Poesia (Indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005); Seres ordinários: o anão e outros pobres diabos na literatura, 2014; Poesia na bagagem, 2018; Crítica da razão mestiça, 2021, dentre outros. Editor da Revista de Estudos Decoloniais da UFCG/CNPQ. Vencedor de Prêmios Literários nacionais. Contato: [email protected]