Aposentadoria: regra de transição é eufemismo para quebra de contrato, por Capablanca

O presidente da República defendeu a proposta de reforma da Previdência que enviou ao Congresso dizendo que no máximo trinta e sete por cento dos aposentados poderiam reclamar, já que os outros todos já recebem a título de aposentadoria apenas um salário mínimo. Comentário semelhante foi feito há mais de um ano pelo jornalista Carlos Alberto Sardenberg na rede de rádio CBN, da rede Globo: o normal é que a previdência pública garantisse apenas um salário mínimo, quem quisesse mais que fizesse sua própria poupança, usando o mercado privado.

Como se vê, Michel Temer e Globo: tudo a ver, pelo menos no que se refere à reforma duríssima contra o trabalhador.

Todo mundo tem o direito de ter e expor livremente sua opinião e defender seus pontos de vista, inclusive e principalmente a dupla Michel-Globo, por causa de sua dimensão e de sua importância no debate político.

O que eles não podem e não devem fazer é usar recursos públicos para desinformar a população e agir contra seus direitos e interesses legítimos. O presidente Temer usa a máquina administrativa do cargo mais alto da hierarquia. E a Globo usa uma concessão pública e trabalha com um bem público, a informação. É preciso respeitar os limites da lei nos dois casos.

É verdade que quase dois terços dos aposentados do regime geral recebem de aposentadoria apenas um salário mínimo. É também verdade que a continuar nessa toada, em duas décadas mais todos (ou quase) receberão apenas um salário mínimo (claro, o achatamento da pirâmide vem por causa do arrocho nos reajustes na parte de cima e da vinculação protetora do valor do salário mínimo).

Seria um crime passar uma reforma que mexe com os direitos e legítimos interesses de dezenas de milhões de brasileiros humildes trabalhadores com mentiras e manipulação de dados, para beneficiar o mercado financeiro.

Regra de transição é só um eufemismo para quebra de contrato e rompimento da segurança jurídica. Ou isso não vale para o povão?

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.

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Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.