Ansiedade: somos o único animal que se preocupa com o julgamento alheio e imagina constrangimentos, por Alice Tozzi

Com muita frequência, somos pegos sentindo um mal estar físico e psíquico que definimos como ansiedade. E por que somos tão ansiosos, se, diferentemente dos demais animais, somos racionais e dotados de inteligência?

Ocorre que, muitas vezes, justamente a nossa mente cria situações que nos fazem sentir ansiosos. Por exemplo, o ser humano é o único animal que passa horas a fio imaginando o julgamento alheio sobre suas atitudes ou imaginando constrangimentos que podem advir de certas circunstâncias da vida, aumentando ainda mais os níveis de ansiedade.

A ansiedade, por outro lado, pode ser compreendida como um recurso psicológico importante. De fato, se analisarmos a sua origem, entenderemos que havia nela uma função importante no mundo primitivo. A ansiedade tinha como função garantir a sobrevivência dos humanos diante dos perigos advindos da natureza. Os sistemas bioquímicos ligados à ansiedade eram ferramentas necessárias para acionar os instintos de luta e fuga, servindo como defesa aos constantes riscos daquela época.

Atualmente, no entanto, já não estamos diante desses perigos naturais, porém continuamos extremamente ansiosos. A civilização moderna, e suas crescentes demandas, evoluiu num ritmo não acompanhado pela evolução biológica dos humanos. Inobstante a existência de riscos reais, estamos sempre vigilantes, de prontidão, como se, em analogia com o homem primitivo, estivéssemos diante da iminência de sofrer um ataque.

Nessa circunstância, o organismo se prepara para responder a um perigo, que muitas vezes é apenas imaginário, sem qualquer evidência na realidade. São comuns manifestações como tremores, sudorese, palpitações, irritação.

Superar a ansiedade é um verdadeiro desafio num contexto de muitas exigências e adversidades. Embora seja uma sensação indesejável e, muitas vezes, prejudicial, é possível dominá-la, através de um “teste de segurança” que deve ser feito a você mesmo, sugerindo questionamentos como: O que a maioria das pessoas faria nessa situação? O que a maioria das pessoas julgaria como razoável nesse contexto? Qual a minha real chance de êxito neste desafio? Minha preocupação é realmente necessária/proporcional ao que está acontecendo? Quando outras pessoas passaram por igual situação, como reagiram? Transcorreu tudo bem?

Portanto, abandonando as certezas absolutas que levam à irracionalidade e à irrealidade, e promovendo questionamentos racionais bem como a busca por evidências na realidade, estaremos mais próximos de assumir posturas mais funcionais e adaptativas. Dessa forma, favorecer-se-á a adoção de reações menos ansiosas diante das dificuldades e desafios próprios da vida moderna.

Alice Tozzi

Psicóloga formada na UNICAP em Recife. Formação em Psicoterapia breve-focal, Neuropsicóloga e Pós Graduada em Psicodiagnóstico. Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos. Avaliação Neuropsicológica e Psicodiagnóstico. Assessoria Educacional. Contao: [email protected]

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Alice Tozzi

Psicóloga formada na UNICAP em Recife. Formação em Psicoterapia breve-focal, Neuropsicóloga e Pós Graduada em Psicodiagnóstico. Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos. Avaliação Neuropsicológica e Psicodiagnóstico. Assessoria Educacional. Contao: [email protected]