Artigo do economista Ricardo Coimbra comenta impacto da tarifa de energia na inflação em 2015 e faz previsão para 2016.
O que será da energia elétrica.
Ricardo Coimbra
O realinhamento das tarifas ocorrido em 2015, com um aumento médio de aproximadamente 50% na conta das distribuidoras deve ter sido a grande movimentação em termos de elevação dos preços. Ocorrido devido a implementação do chamado “realismo tarifário” que se configurou na adoção do sistema de bandeiras tarifárias, com posterior reajuste, e na aprovação das revisões tarifárias extraordinárias (RTEs) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A partir de agora as alterações estarão mais vinculadas as variáveis que afetam o custo produtivo, como: a situação das chuvas e do dólar. Em relação às chuvas, essa tem efeito sobre o sistema de bandeiras tarifárias, e ainda não se tem um cenário definitivo sobre o volume de água para 2016. E caso ocorra uma alteração da sinalização vermelha para a amarela, ou a simples redução da tarifa vermelha, assim como ocorreu neste ano, pode contribuir para tarifas menos salgadas.
Quanto ao dólar, este teve uma elevação considerável ao longo dos últimos meses, e nada leva a crer que haverá uma redução significativa do patamar atual. Devendo influenciar sobre o custo da geração de energia, principalmente em Itaipu. Onde a energia gerada por Itaipu é lastreada pela moeda norte-americana e por isso o efeito cambial pode ser incorporado pelas tarifas das distribuidoras.
Outro fator pode estar relacionado aos pagamentos da conta Ambiente de Contratação Regulada (ACR), em virtude dos empréstimos captados pelas distribuidoras para cobrir as despesas com a compra de energia no mercado livre; e da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), criada com o objetivo de promover fontes alternativas de energia e universalizar o acesso à energia elétrica. Ambas questionadas pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
O que se tem como certeza é que o consumidor brasileiro continuará a sofrer com aumento da energia. Levando-nos a crer que o reajuste para o ano de 2016 deve ficar próximo entre 10% e 15%.
Ricardo Coimbra,Mestre em Economia,Professor Fa7/Fanor-Devry/Uece,Conselheiro Apimec/Ne