Agosto, augustus, sustos?

O oitavo mês do calendário gregoriano leva esse nome em honra do Imperador César Augusto. Dizem as “más línguas” que o mês de agosto tem 31 dias por inveja do mês de julho, que também serve de homenagem para Júlio César, então para agradar a todos os romanos, tirou-se um dia de fevereiro e aumentou um dia em agosto. Por isso, os meses de julho e agosto tem, ambos, 31 (trinta e um) dias, quebrando a sequência 30,31,30,31, com exceção de fevereiro.

Continuando com as curiosidades, foi em agosto que morreram Elvis Presley, Carlos Drummond de Andrade, Carmen Miranda, Friedrich W. Nietzsche, Marilyn Monroe, Raul Seixas, Princesa Diana, Charles Baudelaire…

Na política, tem-se o início da 1ª Guerra Mundial, o suicídio de Getúlio Vargas, a renúncia de Jânio Quadros, a morte de Juscelino Kubitschek, a renúncia de Richard Nixon em razão do “Caso Watergate”, dentre outros.

Nesse sentido, o mês de agosto já é problemático desde a sua criação. Na política brasileira e internacional teve seus marcos e nos encaminhamos para mais um período de turbulência que testará a resistência e resiliência (termo tão usado pelo setor corporativo) do governo da Presidenta Dilma Rousseff.

Resiliência é um conceito da Física, que significa a capacidade que detém alguns elementos de acumular energia, quando submetidos a situações de estresse, sem que haja rompimento, e voltam ao estado físico normal anterior à tensão. Tal conceito foi sendo apropriado pela Psicologia, Administração, estudos sobre o Meio Ambiente, que se referem a ele como:

“[…] a resiliência é a capacidade de uma pessoa lidar com seus próprios problemas, vencer obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação. A teoria diz que resiliência é a possibilidade do indivíduo de tomar uma decisão quando tem a chance de tomar uma atitude que é correta, e ao mesmo tempo tem medo do que isso possa ocasionar. A resiliência demonstra se uma pessoa sabe ou não funcionar bem sob pressão.” (Dicionário de Significados, online)

Assim, a Presidente Dilma terá que ser mais que resistente, melhor ainda, Resiliente durante esse mês de agosto e os próximos meses de 2015, pois as ações que irão cruzar o caminho do governo terão que ser digeridas, planejadas e decididas de forma a tentar equacionar o capital político restante para retomar a governabilidade em patamares civilizados mínimos, evitando o prolongamento da obstrução da gestão pública que já dura oito meses (ou mais se contarmos com o período eleitoral de 2014).

Alguma das pautas que podem surgir são: criação da CPI do BNDES (que vai investigar o órgão sob os governos petistas de 2003-2015); resultado das investigações da Operação Lava Jato sobre Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Gleisi Hoffman, Edison Lobão e outros políticos; aprovação de PEC que vincula vencimentos de várias carreiras de servidores públicos com os Ministros do Supremo Tribunal Federal e impactam sobre o ajuste fiscal do governo; o Tribunal Superior Eleitoral também investiga as contas da campanha de 2014 de Dilma Rousseff, após suspeitas de dinheiro oriundo de propinas da Petrobrás; o Tribunal de Contas da União também está analisando as operações chamadas “Pedaladas Fiscais”, ou seja, operações de repasses cruzados entre autarquias e órgãos do governo para conseguir fechar as contas em anos anteriores; ainda tem a manifestação no domingo, dia 16 de agosto, que promete ser maior e mais “midiática” do que a manifestação do dia 15 de março desse ano.

Enfim, o governo está sofrendo pressões de todos os lados nesse mês de agosto, mês onde dois presidentes do Brasil já deixaram a política nacional e chocaram o povo, primeiro com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954 e depois com a renúncia de Jânio Quadros em 1961.

Por isso, a Presidenta Dilma terá que exercitar cada vez mais a resiliência durante esse mês e no restante de seu mandato e parece que ela já está fazendo isso, pois na última sexta-feira, 07 de agosto, num evento na cidade de Boa Vista-RR, ela discursou:

“Ao longo da vida eu passei muitos momentos difíceis, então eu sou uma pessoa que aguento pressão. Aguento! Eu sou uma pessoa que aguento ameaças. Acho que o Brasil hoje é muito diferente daquele Brasil que eu tive de enfrentar as mais terríveis dificuldades. Por quê? Porque esse país é uma democracia, e uma democracia respeita, sobretudo, uma coisa: respeita a eleição direta pelo voto popular. Eu respeito a democracia do meu país. Eu sei o que é viver numa ditadura. A primeira característica de quem honra o voto que lhe deram é saber que é ele a fonte da minha legitimidade, e ninguém vai tirar essa legitimidade que o voto me deu. Nós temos de nos dedicar à estabilidade institucional, econômica, política e social do país. Eu sei que tem brasileiros que estão sofrendo. Por isso é que eu me comprometo a trabalhar diuturna e noturnamente. País tem uma democracia, por isso nós devemos respeito entre os poderes. Entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. E eu me disponho a trabalhar, também incansavelmente, para segurar a estabilidade política do nosso país.” (Jornal Nacional, online)

No entanto, a situação está crítica, com apenas 8% de aprovação de seu governo, segundo o Instituto Datafolha, Dilma terá que sair da “toca” e dialogar mais com a população, explicar as opções tomadas pelo seu governo, senão, poderá ter o mesmo rumo de outros políticos brasileiros ou internacionais em agosto ou noutro mês do calendário gregoriano.

Luiz Alberto Gomes

Professor, Advogado - OAB/CE nº 24.503, Membro da Comissão, Especial de Mediação, Conciliação e Arbitragem da OAB/CE, Mestre em Políticas Públicas e Sociedade, Especialista em Gestão Pública Municipal, Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão de EAD. Mediador Comunitário do MP/CE.

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Luiz Alberto Gomes

Professor, Advogado - OAB/CE nº 24.503, Membro da Comissão, Especial de Mediação, Conciliação e Arbitragem da OAB/CE, Mestre em Políticas Públicas e Sociedade, Especialista em Gestão Pública Municipal, Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão de EAD. Mediador Comunitário do MP/CE.