“…Há uma série de questionamentos à Lava Jato e os formadores de opinião estão sentindo que existe terreno para isso. Eu sou plenamente favorável à Operação Lava Jato, que descortinou uma corrupção institucionalizada que ninguém poderia imaginar neste grau. Acontece que eu tenho como obrigação sendo cidadão e advogado de apontar os excessos há três anos. E eles são cometidos por este grupo de procuradores. Eles se sentem donos da verdade e começaram a ser tratados como heróis por parte da mídia.
Eles realmente se acharam heróis e fizeram uma série de irregularidades e de abusos. Começaram a brigar para passar as tais 10 medidas contra a corrupção, claramente inconstitucionais e ilegais, e afirmando que dois milhões haviam assinado aquilo. Nem 0,1% delas deve ter lido o que estava ali. E daí pegam a Maria Fernanda Cândido para pedir assinaturas. Se ela me passar um papel em branco, eu assino.
Faltou seriedade e respeito ao devido processo legal no momento em que eles queriam legalizar provas ilícitas. Estavam se sentindo tão poderosos até cair a máscara por parte deste Ministério Público que extrapolou de todos os poderes. Tentaram aprovar um teste fascista de integridade, diminuição do escopo do habeas corpus.
Ou seja, é um triste momento da história de parte do Ministério Público Federal. Eu acho que a história, quando for abordar este momento, vai apontar as vantagens que a Lava Jato teve e vai mostrar o papel ridículo, mesquinho e pequeno que esses falsos heróis tiveram na história recente do Brasil.
A sociedade ainda espera um posicionamento dos valiosos integrantes do Ministério Público Federal, a Força-Tarefa, sobre as trapalhadas nesse final de mandato melancólico do doutor Rodrigo Janot…”
(Trecho de entrevista de Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, o criminalista que assumiu a defesa, entre outros, dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud, no DCM.)